Evento
A peça sinfônica Pedro e o Lobo, composta por Serguei Prokofiev, foi considerada uma novidade na época de sua estreia por seu intuito, até então pouco explorado na música sinfônica; apresentar para crianças as diferentes sonoridades da orquestra. A composição foi encomendada por Natalya Sats, diretora do Teatro Infantil Central de Moscou, muito frequentado por Prokofiev e seu filho. O conto musical teve o libreto final escrito pelo próprio compositor que se baseou em um antigo conto russo, muito popular na época, que viria conquistar gerações de jovens ouvintes pelo mundo todo através de sua história simples, porém intrincada musicalmente.
Uma escrita temática é desenvolvida pelo compositor, que faz uso de um narrador para apresentar os personagens da história, associando a aparição de cada animal com um instrumento diferente da orquestra. Pedro, o protagonista, é representado pelas cordas, enquanto o Lobo é interpretado pelas trompas. Indo para as madeiras, o pássaro dá seus rasantes musicais com a flauta; o rabugento avô é interpretado pelo fagote; o gato, arguto, tem sua representação no clarinete e o pato encontra no oboé seu papel dentro desta encantadora fábula musical. Na percussão, os tímpanos, representam os tiros dados pelos caçadores, durante a caçada ao lobo.
À época da composição, Prokofiev viveu um período de retorno à Rússia, após alguns anos marcados por muitas mudanças com sua família. Produzida em um momento de maior maturidade do compositor, que tinha 45 anos na data da estreia, a peça possui uma escrita mais comedida musicalmente do que a que fora apresentada em obras suas de anos anteriores, de caráter mais experimental e inventivo. O momento de vida, mais voltado para seus familiares e de retorno à sua terra, pode ter trazido inclinações que o levaram à composição de Pedro e o Lobo dentro destas características.
Com a mesma atmosfera da obra russa, mas com outros ares mais brasileiros, Ernst Mahle compôs sua Suíte Arapuá-Tupana (1994). A obra funde música e literatura para contar a lenda dos índios Tembé, do estado do Pará, sobre como os animais perderam o poder da fala. Dispondo de semelhante escrita temática, a peça também possui um narrador, mas este atua de forma diferente ao narrar às cenas ocorridas sem fazer uma associação direta da narrativa com instrumentos específicos da orquestra. A suíte se desenvolve tendo como cenário musical uma grande festa na selva, aonde vão se juntando animais característicos da fauna brasileira como: onças, tucanos, antas, jabutis, dentre outros. Cenas festivas vão se desenrolando, com os animais dançando e cantando em meio à natureza nativa, até que a aparição da onça causa uma grande reviravolta na história. Essa desordem na floresta é a razão pela qual Arapuá-Tupana, o rei dos veados, decide intervir. Era dito que quem ouvisse seu canto morreria. Os animais não morreram, porém perderam o dom da fala.
Mahle foi um compositor nascido na Alemanha que se naturalizou brasileiro, criando raízes musicais na cidade de Piracicaba. Grande admirador da cultura brasileira homenageou com sua música muitos dos ritmos do país, principalmente os aspectos festivos traduzidos ritmicamente em variadas tradições culturais do Brasil. O compositor infelizmente nos deixou neste ano de 2025, portanto este programa será também uma homenagem à sua obra e legado.
Raphael Resende,
Trompista da OSN
Outubro 2025
12 de Outubro de 2025
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$30 (inteira) – R$ 15 (meia)
Canais de venda: No Site e Bilheteria