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Refúgio na UFF: Pesquisador sírio é acolhido na universidade através de bolsa FAPERJ

Mohamad Al Abed é especialista em sensoriamento remoto e foi um dos nove cientistas apoiados pelo programa de Mobilidade e Instalação de Pesquisadores Originários de Regiões em Conflito.

Há cerca de 1,5 milhão de imigrantes no Brasil, sendo que cerca de 700 mil, de 163 nacionalidades, são refugiados ou solicitantes de refúgio. Neste mês de junho, que abriga o Dia Mundial do Refugiado (20/6), a Universidade Federal Fluminense (UFF) conta a história do sírio Mohammad Al Abed bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) no programa Luiz Pinguelli Rosa de Mobilidade e Instalação de Pesquisadores Originários de Regiões em Conflito em Instituições de Ciência e Tecnologia, que trouxe ao estado nove cientistas de zonas de conflito. Cada pesquisador agraciado no programa Pinguelli Rosa recebe uma bolsa mensal pelo período de 12 meses, mais bilhetes aéreos de ida e volta e seguro saúde, e o pesquisador-anfitrião também recebe recursos da FAPERJ. Em julho, a Fundação lançará a segunda edição do edital para pesquisadores nessas condições.

Al Abed tem experiência em sensoriamento remoto com trabalhos internacionais para organismos como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO – ONU) e a União Europeia (UE). No Brasil, Al Abed trabalha no Instituto de Geociências da UFF. “Minha experiência científica no Brasil tem sido muito bem-sucedida e frutífera. Compartilhamos conhecimento e experiência. Eu ensino métodos de mapeamento da degradação do solo e eles me ensinam como usar drones na gestão ambiental, porque na Síria não é permitido o uso desses equipamentos.”

O pesquisador conta que já conseguiram terminar mapeamentos da degradação de solo em Cachoeiras de Macacu, Maricá e arredores, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. Nesses locais, utilizam uma metodologia de imagens de satélite e drones para identificar as áreas não afetadas e áreas afetadas por erosão.

“Quanto às áreas instáveis, identificamos o tipo de processos erosivos dominantes e a sua relativa intensidade e tendência de evolução. As áreas instáveis sofrem, principalmente, com a erosão dos lençóis e dos riachos devido a práticas agrícolas inadequadas, expansão urbana e desmatamento. Assim, essas áreas sofrem erosão do solo pela água, o que está se tornando um grande problema, principalmente, em colinas e encostas suaves de montanhas que foram transformadas em áreas com pouca ou sem cobertura vegetal, incapazes de proteger o solo da erosão hídrica e do escoamento. Consequentemente, a erosão e o escoamento do solo levam a perdas de solo, danos ambientais e perdas materiais e humanas”.

Mohammad explica que, após a definição das áreas estáveis e instáveis, é selecionado um conjunto de medidas corretivas a serem aplicadas que pode incluir programas de reflorestação e gestão florestal, construção de terraços e de saídas de água, aplicação de lavoura de contorno, educação da comunidade rural sobre a importância das florestas e gestão da terra.

No radar do pesquisador, está a elaboração de uma proposta de convênio entre a Embrapa Solos do Rio de Janeiro e o Centro Árabe de Estudos de Zonas Áridas e Terras Secas (ACSAD). Este centro funciona no âmbito da Liga dos Estados Árabes e é considerado a principal unidade de investigação agrícola da região. Além de importantes trocas científicas desta cooperação, a parceria também pode garantir benefícios econômicos para o Brasil, ao promover o aumento das exportações de produtos agrícolas para os países árabes.

Para além da produtividade científica, Al Abed conta suas experiências pelo país. “Minha vida no Brasil é muito agradável e animada. Gosto das pessoas, pois são amigáveis; da bela natureza e da cultura colorida deste país. Vi o carnaval e foi uma experiência incrível e maravilhosa, porque é cheio de vida, energia e cores, realizado por milhares de pessoas de diferentes raças e idades para representar uma história de forma magnífica. Foi como um bom sonho para mim. Quero trazer minha esposa e três filhos pequenos para cá. Quero morar aqui em paz e segurança. Meu país está em guerra desde 2011, e minha família sofre ameaça todos os dias e noite”

Mohamad reconhece, ainda, o apoio recebido de docentes e da fundação. “Agradeço aos professores Fábio Ferreira Dias, Angélica Carvalho Di Maio, Thelma Machado e Carlos Rodrigues Pereira, que me tratam como um de seus familiares. Também agradeço à FAPERJ por me dar esta oportunidade de vida e me conceder uma bolsa de estudos que me permite realizar pesquisas com pesquisadores brasileiros para compartilhar conhecimento e expertise”.

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