O presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o ministro da Saúde, José Gomes Temporão; o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias; e o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, estiveram na inauguração do Centro de Produção de Antígenos Virais (CPAV) do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Biomanguinhos/Fiocruz).
O CPAV terá capacidade para fabricar cem milhões de doses de vacinas virais por ano. Inicialmente, produzirá a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e, no futuro, o CPAV fabricará outras vacinas como rotavírus, varicela, hepatite A, febre amarela inativada, poliomielite inativada e dengue. O reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto Salles, participou da inauguração.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) será integralmente atendido pelo CPAV. Com o Centro de Produção de Antígenos Virais, o Brasil se torna auto-suficiente em imunobiologia, podendo exportar sua produção assim como fazer doações de medicamentos para outros países e continentes como a África. “Estamos dotando o país de uma base avançada de tecnologia, e o Centro de Produção é um dos mais desenvolvidos do mundo em biomedicina”, ressaltou o ministro da Saúde.
Para Lula, o Brasil está ficando adulto e economicamente soberano. “O que vai cuidar das nossas crianças, nós não podemos deixar subordinado a ninguém”, enfatizou. Outro tema abordado pelo presidente foi em relação a contratações. “Se quisermos tirar o atraso a que o Brasil foi submetido, teremos de contratar mais gente”, justificou.
Forerj – Depois da inauguração do CPAV, o ministro da Saúde participou da reunião do Fórum de Reitores do Estado do Rio de Janeiro (Forerj), do qual fazem parte universidades públicas e particulares.
O ministro informou que está sendo criada a Comissão Nacional de Residência Médica e que o ministério terá “voz” para indicar a demanda necessária. “Afinal, queremos formar residentes para trabalhar no sistema público”.
Em seu pronunciamento, Roberto Salles ressaltou o fato de o Hospital de Uberlândia, Minas Gerais, receber uma verba de R$ 41 milhões, enquanto o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) da UFF, recebe R$ 18 milhões, apesar de atender a 12 municípios. “Por mais que nossos gestores sejam brilhantes, eles não vão conseguir manter uma situação como esta”, lamentou. “São Gonçalo recebe duas vezes e meia mais recursos do que recebe Niterói e, com todo o respeito à cidade, não tem atendimento em saúde, já que moradores daquela região também vêm para o Antônio Pedro”, explicou.
Ex-reitor da UFF, José Raymundo Martins Romêo chamou a atenção para o fato de que, na década de 1980, o Huap tinha seu próprio orçamento e o Sistema Único de Saúde foi testado em Niterói. “O atendimento primário deveria ficar com a Prefeitura, o secundário com o estado e o terciário e quaternário com os hospitais universitários. No entanto, nada disso ocorreu e acabamos [o Huap] tendo de atender também às emergências”, lembrou, ressaltando que o atendimento terciário desapareceu. “Há ainda a questão dos planos de saúde. O primeiro atendimento é sempre nos hospitais públicos, e depois não temos como receber dos planos”, pontuou.
Em resposta a essas e outras indagações, o ministro Temporão disse que os administradores dos hospitais deverão ter cursos específicos para a área e abordou a questão da fundação estatal. “A Fundação Estatal de Direito Privado é fundamentalmente pública, sobretudo no estado. Vamos ter, sim, de contratar pela CLT. Se não resolvermos a questão da saúde pelo lado da gestão, não será repassando verba que teremos um eficiente atendimento na saúde”, salientou. “Estamos liberando recursos que aliviam, mas não resolvem o problema. Sei que o Huap está sobrecarregado, embora Niterói também tenha saído na frente com o Programa Médico de Família que hoje cobre apenas 20% do município. O programa não disse ao que veio”, finalizou.