Classes D e E são maioria nas Universidades Federais

O anúncio foi feito nesta quinta (18) durante coletiva promovida em Brasília.

Com a contribuição do Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), apresentou os números da pesquisa que reúne as características socioeconômicas básicas dos estudantes de graduação das Universidades Federais atendidos nas cinco regiões geográficas do país. Dando continuidade ao que já vinha sendo desenvolvido pela Andifes, o diagnóstico, implementado em 2014, é a quarta atualização, realizada quatro anos após a última pesquisa.

Em um universo de 1 milhão de estudantes, 130 mil discentes de 62 universidades federais participaram de forma espontânea, totalizando 146 tabelas com informações que retratam uma mudança significativa, sobretudo no que diz respeito à crescente utilização do Enem a partir de 2009, à adesão das instituições federais ao Sisu, à vigência da Lei das Cotas, a partir de 2013, e também aos novos campi implantados na política de interiorização das universidades federais.

Segundo dados da pesquisa, dois terços do quadro de alunos, ou seja, 66,19% têm origem em famílias com renda média de 1,5 salário mínimo, o que caracteriza uma alteração radical no perfil dos estudantes. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, o percentual de estudantes com perfil do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente. À época da primeira pesquisa, o total de estudantes com até 1,5 salário mínimo era de 44%, o que significa um aumento de 50% de estudantes com perfil PNAES.

Outro elemento importante é a renda per capita das famílias dos graduandos por região do País. No Nordeste, eles têm renda de R$ 710,00 em média. No Norte, R$ 716,00. No Sul, R$ 1.032,00. No Sudeste, R$ 1.050,00, e no Centro-Oeste, R$ 1.132,00. Média de R$ 916,00 por discente. Em 2014, quando este estudo foi realizado, os estudantes das universidades federais tinham. em média, uma renda inferior ao teto do PNAES. Destes, percebe-se que os estudantes com maior vulnerabilidade são os da área de Ciências Biológicas, enquanto os estudantes das áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias tinham as maiores rendas.

No quesito cor e raça, o relatório evidencia o impacto que a adoção de ações afirmativas, por meio da reserva de vagas, teve dentro das universidades federais. O destaque é o percentual de 47,57% de autodeclarados pretos e pardos, que mostra que a Lei das Cotas sancionada em 2012 cumpre bem o seu objetivo. De acordo com dados do MEC, em 1997 o percentual de jovens pretos, entre 18 e 24 anos, que cursavam ou haviam concluído o ensino superior era de 1,8% e o de pardos, 2,2%. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito.

Em números absolutos, de 2003 a 2014, os brancos eram em torno de 278 mil nas Universidades, hoje são 429 mil. Os autodeclarados pardos eram 132 mil e, atualmente são 354 mil. Já os pretos que eram 27 mil, hoje são 92 mil, o que representa que o número de negros nas universidades brasileiras triplicou nos últimos anos.

PERFIL DOS ESTUDANTES

  • 52% dos discentes se autodeclaram mulheres;
  • 53% dos estudantes utilizam transporte coletivo para ir até às universidades;
  • 11,78% dos graduandos têm filhos;
  • 35,39% dos estudantes trabalham;
  • 60,16% têm origem em escolas públicas;
  • 22% gostariam de trocar de curso;
  • 78% deles têm alguma participação acadêmica, sendo 25% vinculados a estágios; 22% pesquisa; 17% programas de ensino; 11% extensão; Programa de Educação Tutorial (PET) e empresa júnior, ambas com 4%;
  • 72% declaram não fazer parte de nenhuma organização, associação, partido político, movimento ecológico ou artístico;
  • 90% dos estudantes recorrem à internet para buscar informação;
  • 31% faz de três a seis refeições por dia;
  • 60% são sedentários, sendo 30% os que não praticam atividades físicas e 30% os que praticam ocasionalmente;
  • 70% dos estudantes nunca fizeram uso de bebidas alcóolicas;
  • 42% dos estudantes disseram que a dificuldade financeira atrapalha o desempenho acadêmico.

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Segundo a presidente da Andifes, Ângela Paiva Cruz (UFRN), esta pesquisa contraria o argumento de que as instituições federais de ensino superior são redutos da elite brasileira. “É o fim do velho mito. As nossas universidades hoje expressam melhor a composição social do país. A cara da universidade está cada vez mais a cara da sociedade brasileira. Uma universidade com maioria feminina e presença popular e negra”.

Ângela disse ser necessário o reforço de políticas para dar continuidade à democratização do acesso e, sobretudo, garantias de assistência aos estudantes.

Na ocasião, a presidente falou que esses resultados de inclusão foram alcançados sem perda de qualidade. Por exemplo, a evolução no quadro de professores das Universidades Federais. De acordo com os indicadores, o percentual de professores doutores nas universidades teve um incremento expressivo nos últimos anos. Isso gerou uma ampliação também da pós-graduação.

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HISTÓRICO

A última pesquisa realizada pelo Andifes foi em 2010 e teve a participação de estudantes de 56 instituições federais de ensino superior. Naquele ano, a pesquisa constatou que 43,74% dos alunos das universidades federais pertenciam às classes C, D e E; e que o percentual de estudantes de raça/cor/etnia preta aumentou de 5,9% em 2004 (período da pesquisa anterior) para 8,7%, em 2010.

O Fonaprace, criado em 1987, é composto por pró-reitores, sub-reitores e decanos responsáveis pelos temas comunitários e estudantis das universidades federais. A pesquisa do perfil dos alunos da graduação foi realizada três vezes: em 1996/1997, em 2003/2004 e em 2010.

Fonte: ASCOM/Andifes (http://www.andifes.org.br/politicas-de-expansao-e-inclusao-contribuem-pa...)

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A atualização mais recente deste conteúdo foi em 24/08/2016 - 14:32