A professora do Instituto de Química do Programa de Pós-Graduação em Química, Célia Machado Ronconi, está liderando o projeto “Desenvolvimento de um método de detecção rápida de SARS-CoV-2 usando a técnica de espalhamento de luz dinâmico (DLS) e nanopartículas de ouro bioconjugadas”. O estudo da UFF foi contemplado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) na Segunda Ação Emergencial de Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19. O objetivo era o de apoiar projetos de pesquisa, tecnologia e inovação que busquem a mitigação da pandemia da Covid-19, com execução de curto prazo.
O trabalho tem como objetivo a criação de um método de detecção diferenciado de SARS-CoV-2, mais preciso e funcional na detecção do vírus, no início da doença, o que permite o isolamento e o tratamento precoce do paciente. Atualmente, o teste rápido, conhecido como RT-PCR (padrão referência), tem melhor eficácia apenas a partir do quarto dia após a contaminação do paciente, o que dificulta traçar a rota de contágio. Essa etapa é essencial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para controle da doença e facilita a transmissão, já que o paciente passa a se isolar tardiamente. Além disso, com a detecção precoce, é possível monitorar a evolução da doença, garantindo um tratamento eficaz para cada caso e a diminuição do índice de mortalidade.
O estudo científico, que utiliza nanotecnologia, visa incorporar os anticorpos da Covid-19 em nanopartículas e testar suas reações a partir da exposição ao vírus. A primeira fase dos testes, já iniciada, está sendo realizada com vírus inativo; em consonância com esses testes, estão sendo realizadas todas as etapas necessárias para a testagem em vírus ativo e, posteriormente, em pacientes. Já existe, inclusive, uma carta de interesse firmada pelo reitor da UFF, Antônio Claudio Lucas da Nóbrega, e pelo secretário de saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira, para testagem em pacientes no município.
O professor Amilcar Tanuri, do Instituto de Biologia da UFRJ, líder do projeto “Ações emergenciais para o desenvolvimento de estratégias de ensaios sorológicos para a avaliação da resposta imune humoral contra a Covid-19” (também contemplado pela chamada) está em colaboração interinstitucional ativa com Célia Ronconi, para que as pesquisas laboratoriais sejam realizadas com mais rapidez e precisão. Além dele, também participam do trabalho a professora Izabel Paixão, do Instituto de Biologia da UFF; o professor Pierre Mothé Esteves, do Instituto de Química da UFRJ; e as professoras Ana Percebom e Camila Buarque, ambas do Departamento de Química da PUC-Rio.
Segundo Célia, o apoio da fundação é essencial para o andamento da pesquisa, pois irá possibilitar a compra de equipamentos, de material de consumo e testagem para o laboratório, além do provimento de recursos humanos por meio de bolsas de apoio técnico de nível superior e de pós-doc. Além delas, a UFF, por meio da Proppi, também concedeu duas bolsas de iniciação científica. Dessa forma, o projeto envolve não só estudantes, desde a graduação até o pós-doutorado, como também profissionais técnicos de nível superior.
Além do suporte da Faperj para o projeto em âmbito estadual, a professora, que é Cientista do Nosso Estado e Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 do CNPq, também desenvolve parte do trabalho junto a um grupo nacional financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Os pesquisadores compartilham os avanços científicos sobre o SARS-CoV-2 com especialistas de todo o país, em uma frente ampla para a mitigação do vírus e da doença. Ambos os financiamentos se dão por um período de dois anos e o trabalho já se encontra em pleno desenvolvimento; há também um site em processo de construção para a divulgação dos resultados das pesquisas.
A pesquisadora destaca ainda a relevância deste tipo de investimento tanto para a ciência nacional como para sociedade: “trata-se de um método rápido e confiável, desenvolvido nacionalmente, de baixo custo, para isolar depressa o paciente e iniciar o tratamento precocemente de uma doença que pode evoluir de forma muito acelerada. Atualmente, além de caros, os testes rápidos não são precisos; portanto, essa tecnologia, desenvolvida no âmbito da universidade e da pesquisa pública, pode beneficiar todo o país com a testagem ampla e isolamento precoce, duas das recomendações da OMS para a mitigação da doença”.