Projetos da UFF promovem conscientização sobre vacinação no Rio e em Niterói

Crédito da fotografia: 
Freepik
Iniciativas de professoras de Virologia da Universidade Federal Fluminense visa combater a desinformação e incentivar a imunização

Em outubro, é comemorado o Dia Nacional da Vacinação e, como um meio de estimular a prática, o projeto de pesquisa e extensão “Investigação sobre a vacinologia e situação vacinal entre alunos de ensino médio, graduação e pós-graduação de instituições públicas e privadas no Rio de Janeiro”, coordenado pelas professoras Gina Peres, Cláudia Lamarca e Silvia Cavalcanti, dialoga sobre a importância da vacina, incentivando a imunização e combatendo a desinformação, por meio de encontros e ações interativas entre crianças e seus responsáveis, adolescentes, adultos, profissionais da educação e estudantes.

Créditos: Gina Peres

Iniciado em 2018, o projeto surgiu de uma preocupação em relação aos graduandos da área da saúde da universidade, que não tinham muita informação sobre vacinas e documento vacinal. “Nós damos aula para alunos na disciplina de Virologia, que compõe parte do ciclo  básico de todos os cursos da área de saúde, e temos uma aula específica que fala de medidas de prevenção de doenças infecciosas. Em vez de entrarmos somente com conteúdo teórico, começamos com uma atividade prática. Pedimos que os alunos levassem os seus cartões de vacinação e, no dia da aula, todos ou a maioria estavam com o seu cartão de vacinação. No final da aula, depois de explicarmos tudo sobre vacinas, ensinamos os alunos a olharem a sua carteira de vacinação. Então, começamos a fazer essa atividade em todos os cursos pelo projeto até hoje”, conta Cláudia.

A professora enfatiza que quando começaram a fazer as avaliações das carteiras de vacinação dos alunos, perceberam que nem 6% dos discentes foram imunizados com as vacinas obrigatórias para os profissionais da saúde. “Um dos motivos é que quando os estudantes nasceram, as vacinas não eram disponibilizadas gratuitamente pelo SUS. Se forem consideradas somente as vacinas disponibilizadas gratuitamente esse percentual sobe para 57%. Você percebe que quase a totalidade dos estudantes estava desprotegida em relação a muitas doenças ocupacionais, e quase a metade não estava em dia com as vacinas. A partir dessa realidade, resolvemos nos mobilizar para criar o projeto”.


Créditos: Gina Peres

Além disso, o projeto abarca a iniciação científica e os projetos de extensão, em que a professora e os alunos de graduação realizam atividades interativas diversas, como palestras e apresentações lúdicas a creches e escolas públicas e privadas de Niterói e do Rio de Janeiro. “Fiz recentemente uma atividade que foi maravilhosa enquanto professora e pessoa, em que adolescentes vieram para conhecer o Instituto Biomédico e participar da atividade de sensibilização sobre a importância da vacinação. Os adolescentes moram num abrigo no Rio de Janeiro e tinham dito que não sabiam se iam fazer faculdade, mas que queriam conhecê-la. Reservei um laboratório de aula prática e a atividade foi feita lá. Depois conheceram a universidade, o Instituto Biomédico, as instalações e a biblioteca. Eles sentaram nas cadeiras da biblioteca e chamaram uns aos outros para mostrar coisas nos livros. Foi inesquecível”, relatou Gina.

Ação no Instituto Biomédico da UFF. Créditos: Gina Peres

Toda a ação já contou com a participação direta ou indireta de cerca de 2000 graduandos da área de saúde da UFF, 300 estudantes do ensino médio, e mais de 40 bolsistas da UFF. O projeto foi apresentado no congresso internacional de Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de vacinas e imunobiológicos, e foi premiado por dois anos consecutivos com o Prêmio Jovem Cientista. As produções acadêmicas também ganharam o prêmio Evandro Chagas na sétima edição do evento da Fiocruz com o artigo “Analysis of the possible factors associated with a low vaccination coverage among health science undergraduates”, de Camila Costa dos Santos.

De acordo com a professora, as ações nas escolas são divididas em etapas. “Primeiro, impactamos os alunos com fotos de uma doença que não existe mais, a varíola. Mostramos gráficos de como as doenças infecciosas deixaram de existir e de como, hoje em dia, existem menos pessoas morrendo de doenças infecciosas em comparação a seis décadas atrás. Depois, seguimos roteiros específicos, dependendo da faixa etária, para a educação infantil, o primeiro ano, terceiro ano, sexto ano, nono ano, ensino médio, para os pais e os profissionais de educação. Neles fazemos dinâmicas relacionadas ao assunto e também ilustrações. Na dinâmica com crianças, fazemos brincadeiras de colorir e brincamos de Lego, como forma de mostrar como um vírus pode ser neutralizado pelos anticorpos.”

A professora explica que, ao ligar duas peças de Lego, uma embaixo e outra em cima, elas passam a representar um anticorpo, sendo possível demonstrar como um vírus não consegue se ligar a nenhuma célula e, consequentemente, não consegue invadir o corpo humano e causar doenças. Outras dinâmicas envolvem quiz, forca, avaliação das atividades com uso de emojis feliz, neutro e triste, além de jogos de mitos e verdade com adultos, em que são usadas frases ouvidas no cotidiano para esclarecer se são verdade ou mentira. A professora acredita que esse reforço do conhecimento e das dinâmicas realizadas é um caminho que fortalece a certeza da vacinação. Além de temas relacionados ao universo das vacinas, a ação também abre espaço para que dúvidas sejam esclarecidas sobre doenças causadas por vírus em geral e demais temas associados à área da saúde.


Atividades desenvolvidas no projeto. Créditos: Gina Peres

Para ler o artigo “A significant portion of undergraduate health science students are not immunized as they should”, do bolsita Samuel Stoliar, que recebeu o Prêmio Evandro Chagas no 6th International Symposium on Immunobiologicals, acesse: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52217. O artigo “Analysis of the possible factors associated with a low vaccination coverage among health science undergraduates”, de Camila Costa dos Santos está disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57973.
Mais informações sobre o projeto, acesse o perfil no Instagram no @uffavacinei e o perfil da Virologia da UFF no @Nupev_uff.

_____

Gina Peres Lima dos Santos é graduada em Biomedicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), possui Mestrado e Doutorado em Ciências, área de Vigilância Sanitária pela Fundação Oswaldo Cruz. É Professora Associada de Virologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense desde 2012. Tem experiência em docência na FIOCRUZ (pós-graduação Stricto Sensu e curso técnico), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estácio de Sá (UNESA) e Faculdade São Camilo. Atua em Projetos de Extensão relacionados à informação em saúde e Projetos de Ensino em Virologia e em linha de pesquisa relacionada a percepção sobre métodos de divulgação científica.

Claudia Lamarca Vitral é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula e pós-graduada pelos Cursos de Mestrado e Doutorado em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz. É Professora Titular do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense. Orientou alunos de Pós-Graduação e Graduação dentro de linhas de pesquisa relacionadas aos vírus das hepatites A e E, bem como de prevenção e controle de doenças infecciosas. Atua também como Coordenadora do Projeto de Pesquisa e Extensão relacionado ao Conhecimento sobre Infecções Imunopreveníveis e Vacinação entre Alunos de Cursos de Graduação da Área da Saúde e Coordena o Projeto de Ensino INTEGRAMED.

Compartilhe