O Cancioneiro: uma nova voz é um espetáculo artístico-musical que expande as fronteiras tradicionais do canto lírico, enriquecendo seu contexto por meio de uma interpretação ousada e inovadora na voz do contratenor. Presente nas culturas de todos os povos, o personagem do Cancioneiro, agora revisitado, transita entre dois mundos coexistentes nos trazendo histórias de amor e ancestralidade através de diferentes línguas, texturas e afetos.

Começando pela Europade Gabriel Fauré, Garcia Lorca e Robert Schumann, entre outros consagrados compositores, o Cancioneiro vagueia solitário, celebrando seus povos,  cortejando seus amores e, com a diversidade das línguas cantadas, personifica a sua alma em cada cultura.

Ao chegar ao Brasil, sua terra natal e também dos compositores Villa-Lobos, Ernani Braga, Jayme Ovalle e Waldemar Henrique, convoca as forças da natureza, das lendas amazônicas, revive os afetos de sua casa, de sua ancestralidade e se despede de todos os  povos que foram cantados e incorporados em si através de sua única e inconfundível voz.

Acompanhado pela pianista Eliara Puggina, o artista brasileiro Hebert Augusto Campos dá vida a esse Cancioneiro com um espetáculo concebido a partir do tema de sua pesquisa de mestrado, que visa promover o repertório das canções para o registro vocal do contratenor diversificando suas possibilidades de interpretação, principalmente das obras brasileiras dos séculos XVIII ao XX, ainda pouco realizadas no Brasil e no mundo.

Por Ana Clara Miranda

Hebert Augusto Campos: Cantor lírico e pesquisador, natural da região do Vale do Café, é formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Música pelo PROEMUS (UNIRIO) e, atualmente, integrante do corpo artístico do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.  Protagonizou a ópera O Menino Maluquinho (2017), de Calimério Soares, e a ópera El Gato con Botas (2019), de Xavier Montsalvatge. Foi integrante da primeira formação do grupo barroco Altri Canti e da Camerata Lieto Fine, grupos dedicados ao repertório de Música Antiga. Além disso, integrou também a Orquestra Barroca da Unirio, o Coro Brasil Ensemble, Conjunto Sacra Vox e o Coral Ars et Anima. Vem se apresentando em importantes espaços de concerto, como Sala Cecília Meireles, Sítio Burlemarx, Real Gabinete de Leitura Português, Salão Nobre do Museu da Justiça, Capela Real, Igreja da Candelária, dentre outros. 

Eliara Puggina, pianista acompanhadora na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e professora formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), recebeu aprimoramento em performance pianística dos renomados professores Arnaldo Cohen e Linda Bustani. Desde então, sua atuação principal é como acompanhadora de cantores líricos e grupos de ópera. Entre 2010 e 2015, foi contratada pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro para atuar como pianista no Coro e na Orquestra Sinfônica daquela instituição. Acompanhou cantores e professores renomados em masterclasses, como Carlos Colombara, Mark Markham, Mitsuko Shirai, Darryl Edwards, Maria Venutti e outros profissionais nacionais e internacionais. Seu extenso repertório inclui mais de 120 apresentações, abrangendo cerca de 40 óperas, concertos sinfônicos, música de câmara e transmissões radiofônicas ao vivo pela Rádio Mec, bem como gravações realizadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela UFRJ. Atualmente, está cursando o doutorado na UNIRIO.

Programa

Parte I: Canções do mundo, dos amores de lá

Robert Schumann (1810-1856)
Ich wandelte unter den Bäumen (Liederkreis, Op. 24, nº 3)

Gabriel Fauré (1845-1924)
Mandoline (Cinq mélodies de Venise Op. 58)

Vicent D’Indy (1851-1931)
Madrigal dans le style ancien, Op.4

Reynaldo Hahn (1874-1947)
L’Heure exquise (nº 5 das 7 Chansons grises)

Reynaldo Hahn (1874-1947)
A Chloris                                                                                       

Federico García Lorca (1898-1936)
Canciones españolas antiguas (harmonizadas*)

• Las morillas de Jaén
• Nana de Sevilla
• Sevillanas del siglo XVIII

Parte II: Canções de ancestralidade, dos povos daqui

Heitor Villa Lobos (1887- 1959) 
Cantilena-canto dos escravos do recôncavo baiano (harmonizada*)

Ernani Braga (1888 -1948)  
A casinha pequenina (harmonizada*)                                           

Waldemar Henrique (1905 -1995)
Lendas Amazônicas

• Foi boto sinhá, nº 1
• Cobra grande, nº 2
• Uirapuru, nº 5

Marlos Nobre (1939)
Iemanjá Otô (Ciclo Beira-Mar)

Jayme Ovalle ( 1894 - 1955)
Três pontos de Santo

• Chariô, nº 1
• Aruanda, nº 2
• Estrela brilhante, nº 3                                                

*Nota: canções recolhidas da oralidade e da cultura popular, harmonizadas pelos compositores.

Ficha Técnica

Contratenor: Hebert Augusto Campos
Piano: Eliara Puggina
Produção artística: Ana Clara Miranda
Narração: Vanessa Rocha 
Filmagem: Rawziski Registros Musicais
Iluminação: Raphael Cesar Grampola

03 de outubro de 2023
Terça | 19h
Teatro da UFF
Rua Miguel de Frias, 9 - Icaraí - Niterói
Ingressos: R$ 30 (inteira) - R$ 15 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria