Em 2012, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) apontaram a necessidade da atuação dos estudantes de graduação de Odontologia no Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, esses estágios curriculares, apesar de aconteceram sob supervisão de profissionais da área, se dão muitas vezes sem a reflexão necessária sobre o fazer odontológico. Essa temática é abordada na coletânea “Formação SUStendada” (Eduff, 2018), organizada por Marcos Alex Mendes da Silva e Efigênia Ferreira e Ferreira.
A falta de reflexão e teorização referente aos estágios ocorre, principalmente, pelo fato da maioria das universidades ainda priorizarem o trabalho em clínicas privadas, enxergando atividades no SUS como inferiores e até mesmo “um empobrecimento de objetivos educacionais mais ‘nobres’”. É função dos professores das disciplinas de Saúde Coletiva apresentar aos estudantes “alternativas” do mercado de trabalho padrão. Entretanto, como isso não ocorre na maioria dos casos, a visão de que o SUS é um sistema insuficiente e menor acaba sendo fortalecida.
Apesar de muitas universidades ainda não entenderem completamente a importância dos estágios curriculares em sistemas públicos na formação acadêmica, a sua regulamentação foi um passo essencial para que a atividade seja incluída no plano político e pedagógico do curso de Odontologia, mas ainda há muito a ser feito. E, segundo o livro, para enfrentar essa situação no país é necessário unir a responsabilidade social com a excelência técnica e, assim, entender a complexidade do SUS e seus respectivos cenários e atores.