Clean Up Day: Estudantes e professores da UFF promovem ação pela limpeza das praias de Niterói

Crédito da fotografia: 
Arquivo pessoal do professor Kenny Tanizaki
Além de trabalhar na retirada e estudo de materiais encontrados no meio ambiente, o projeto provoca uma onda de conscientização ambiental na população da cidade

O Dia Internacional da Limpeza Costeira (International Coastal Clean Up Day), celebrado entre os dias 17 e 25 de setembro, surgiu há mais de 30 anos, ganhou notoriedade e hoje é um evento de âmbito mundial que já envolveu mais de 20 milhões de pessoas em cerca de 180 países. Trata-se de uma ação social global destinada ao combate de toneladas de lixo que são descartadas de modo incorreto no meio ambiente de todo o planeta.

Como forma de mobilizar as pessoas em torno da data, a prefeitura de Niterói, no dia 17 de setembro de 2022, promoveu várias atividades nas praias da cidade: Camboinhas, Itacoatiara, Itaipu, Piratininga (praia, lagoa e prainha), Boa Viagem, Icaraí, Jurujuba, Sossego, São Francisco (praia e mar), Charitas, Córrego da Viração e Córrego dos Colibris. A Universidade Federal Fluminense (UFF) participou ativamente da iniciativa através da atuação de seus alunos, que se inscreveram para colaborar com a limpeza e puderam contar com o apoio da reitoria.

O coordenador do projeto e professor do Departamento de Análise Geoambiental (GAG) da UFF Kenny Tanizaki acredita que, para viabilizar iniciativas como essa, “a conscientização das pessoas é o primeiro passo. A partir disso, ações individuais e coletivas, de fato, contribuem para a redução de todo tipo de poluição e cuidado com o ambiente. Como consequência, há um aumento da percepção da natureza, relações interpessoais e outras formas de colaborar com a qualidade de vida”.

Além da limpeza das praias, outro objetivo do projeto era o de documentar e estudar o tipo de lixo coletado. A documentação incluiu o estudo do material de que ele era constituído, sua procedência, quanto tempo levaria para se desintegrar e que impacto teria no oceano e nas espécies que nele vivem. De acordo com o professor Abílio Soares Gomes, do Departamento de Biologia da UFF e que atua no projeto como um dos coordenadores, estuda-se “a eficiência da limpeza das nossas praias, a ocorrência de microplásticos, a associação desse lixo com bactérias e também com a ‘bioincrustação marinha’. Isto é, quando ocorre uma colonização de organismos no material que foi lançado no mar e que, muitas vezes, é transportado pela água e chega a lugares muito distantes de onde se originou, ocorrendo uma bioinvasão: chegada, estabelecimento e expansão de uma espécie em um lugar novo”.

A professora Carla Carvalho, do Departamento de Imunobiologia da UFF, que também participou do evento, afirma que foi realizada a coleta de resíduos na areia manualmente e usando baldes. Em seguida, foi feita a triagem dos resíduos ali encontrados, ou seja, a separação dos materiais que seriam destinados à reciclagem. “Estava sendo elaborada uma planilha com as classes de resíduos encontrados, que eram separados por tipo e o objetivo principal era avaliar, posteriormente, nos laboratórios da universidade, a capacidade bioquímica das algas que crescem sobre essas estruturas, identificar e remover os poluentes orgânicos presentes na Baía de Guanabara”.

 

Equipe da UFF coletando lixo na Praia de Icaraí no Clean Up Day. Créditos da foto: Arquivo pessoal da professora Carla Carvalho

 

O avanço da água carrega para o mar diversos poluentes espalhados na areia pelos banhistas e barracas de praia. Por esse motivo, a coleta desses itens diminui a ocorrência da problemática. “Muitos materiais encontrados nas praias vêm dos rios que deságuam na Baía e que, na oscilação das marés, acabam ficando retidos na areia: são os materiais arribados”, complementa o professor Kenny Tanizaki.

No meio acadêmico, o Clean Up Day também colabora no processo de ensino, pesquisa e extensão dentro da área de estudos ambientais. Segundo o professor Kenny Tanizaki, as aulas expositivas e conteudistas, muitas vezes, podem ser cansativas e é difícil manter a concentração dos alunos por tempo integral. Assim, “as atividades ao ar livre são fundamentais para despertar um maior interesse, consciência e, por consequência, aprendizado. Da mesma forma, para os docentes, levar os alunos para esse tipo de atividade melhora sua aderência aos temas dados em aula. A universidade tem o papel de facilitadora deste processo, com a oferta de infraestrutura de apoio, como transporte, alimentação e, eventualmente, diárias. E, nisso, a UFF é excelente”.

A professora Carla Carvalho afirma que a presença da universidade é importante em eventos como o Clean Up Day, pois “tanto a universidade expande o conhecimento para fora dos seus muros e aprende a se comunicar melhor com termos menos técnicos, como a Prefeitura e os organizadores podem contar com o apoio e a especialidade desses profissionais”. Dessa forma, é possível formar diversos perfis de cientistas, com uma base mais universal e transdisciplinar sobre ecologia, e  preparar a sociedade para um futuro com mais qualidade de vida.