Projeto Fauna Brasil da UFF ressalta a biodiversidade brasileira em suas produções audiovisuais

Liberdade & Autonomia - Primeiro lugar no Concurso de fotografia: Retrato aos 50 - UFF

Crédito da fotografia: 
Bruno, S. F.
A utilização das mídias pelo projeto busca uma maior conscientização sobre a preservação de espécies ameaçadas no país

Só é possível reconhecer e amar aquilo que se conhece. Ao se inspirar na ideia de que há uma sensibilização com os diferentes tipos de vida a partir da conscientização sobre a sua existência, o professor da graduação de Medicina Veterinária, Sávio Freire Bruno, desenvolveu,  em janeiro de 2016, o projeto de extensão Fauna Brasil na Universidade Federal Fluminense. O objetivo era apresentar a riqueza da biodiversidade nacional para a população brasileira e a comunidade acadêmica. A partir desse projeto, nasceu o Laboratório de Registro Audiovisual da Fauna Brasileira, que passou a elaborar diferentes produções e publicá-las em suas plataformas digitais — Página da UFF, Site, Facebook, Instagram e Youtube —, mostrando a diversidade da fauna nativa e a importância da conservação ambiental e, com isso, promovendo a conscientização sobre os temas abordados.

Divulgação científica + Audiovisual: linguagem fácil, acessível e interessante para todos

Veado-campeiro filhote no Parque Nacional da Serra da Canastra - MGA ideia do projeto é utilizar fotografias e vídeos para apresentar à população toda a beleza e a importância da fauna e flora presentes no Brasil, para que as pessoas possam repensar seus atos e afinar suas práticas cotidianas à preservação ambiental. De acordo com a estudante de Medicina Veterinária na UFF e integrante do projeto, Clara Maciel, a ligação entre as mídias e a educação é muito positiva, pois há uma influência do audiovisual para a construção da consciência da necessidade de preservar as espécies ameaçadas.

“Com esta ferramenta, podemos nos inserir no habitat animal sem sair de casa, possibilitando-nos conhecer a essência, as necessidades, os problemas causados pela destruição do meio onde eles vivem. Dessa forma, acredito que o audiovisual é útil para o conhecimento em geral, desde que seja de uma maneira fácil e acessível para que todos possam entender o que está sendo passado, desde um jovem até um idoso”, destaca a estudante.

Para isso, os estudantes que atuam no projeto possuem aulas em campo, em que podem observar, registrar e analisar a natureza, e também aulas de produção de conteúdos nos laboratórios, onde é possível ocorrer trocas com o professor. Nesse sentido, são utilizados os registros coletados na produção de livros, científicos e infantis, documentários e publicações nas redes sociais. Dessa forma, a fotografia, que é em grande parte reconhecida como a arte que expressa a essência do fotógrafo, assume um caráter comprobatório de método científico e educacional.

Como explica o coordenador do projeto, “[a fotografia] não é invasiva, ela consegue alcançar os seus objetivos sem necessariamente causar impactos e danos na natureza na qual você se debruça para estudar”. Assim, ela consegue estabelecer um vínculo com o público, fazendo-o se sentir parte da luta pela conservação e permitindo que ele tenha consciência de seu papel.

Políticas públicas no combate às violências contra a biodiversidade

Brigadista no Parque Nacional da Serra da Canastra - MG

De acordo com os dados da Global Forest Watch (2021), o Brasil teve uma redução de 10% da área florestal desde 2000. Nesse cenário, Sávio afirma que o cuidado da biodiversidade depende de políticas e estratégias públicas, ações integradas voltadas à conservação, para que seja possível criar boas relações entre as atividades humanas e a natureza.

“É necessário pensar em expandir as Unidades de Conservação (áreas naturais criadas e protegidas pelo Poder Público, municipal, estadual e federal), nos processos de fiscalização de fronteiras, de mitigação, de introdução de espécies invasoras, de tráfico de animais silvestres, e em uma série de outras ações que vão desde a fiscalização da educação ambiental até as que chamamos de in-situ (feitas no próprio ambiente onde a biodiversidade está integrada) e ex-situ (realizadas em prol da biodiversidade mas não necessariamente nos ambientes naturais) na conservação da biodiversidade”, enfatiza o professor.

O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta, que se traduz em mais de 20% do número total de espécies da Terra, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Nesse cenário, a distribuição de registros e a conceituação de algumas delas, como é feito pelo projeto Fauna Brasil, ajudam na luta contra o excesso de “desinformação a respeito de várias espécies pelo mundo, que geram temor, antipatia e extermínio”, como afirma o estudante de Ciências Biológicas na UFF e também integrante do projeto, Luã Vieira Rodrigues.

Ao visar a importância da disponibilidade de informações e dados que possam auxiliar no estabelecimento de políticas públicas voltadas para a saúde silvestre, o projeto foca nas relações entre a própria sociedade e a natureza que a cerca: “Em nossas produções, além de falarmos da ecologia das espécies de nossa fauna, abordamos também tudo aquilo que as coloca em risco e como isso impacta no equilíbrio ambiental, através de uma mensagem ecológica. Temos um vídeo falando sobre atropelamento de fauna, com diversas imagens que chocam e comovem. Por mais triste que seja, é preciso mostrar essa realidade para o público, para que situações assim possam ser combatidas e nossas espécies possam ser amadas e cuidadas”, explica Luã.

Com o Brasil em posição de país com a maior biodiversidade do planeta, é notável que o desconhecimento dos direitos de suas espécies, os quais têm dado continuidade à ocorrência de crimes hediondos pelos homens, não é coerente na sociedade. Por meio do trabalho de unir tecnologia e vontade de fazer o bem pelo mundo, o projeto Fauna Brasil busca mudar esse quadro e trazer resultados positivos em prol dos cuidados com esses seres. Como destaca Luã Rodrigues: “O projeto procura oferecer ao público a oportunidade de conhecer verdadeiramente nossas espécies, mostrando que há seres que precisam ter o direito de viver sendo preservado”.

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