Presidente Lula retoma agenda de encontros com reitores: “estamos saindo das trevas”

Reitor da UFF comenta suas percepções sobre o encontro

“Estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura de encontro com reitores de universidades e institutos federais de ensino, na manhã da última quinta-feira, 19 de janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília. A agenda marcou a retomada de encontros anuais entre a Presidência da República, ministros e dirigentes das instituições de ensino, iniciados na gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação (2005-2012), durante os governos Lula e Dilma Rousseff.

Além de celebrar a retomada dos encontros, o presidente Lula destacou o papel central da educação em seu projeto de governo e de nação. “Não existe, na história da humanidade, nenhum país que conseguiu se desenvolver sem que antes tivesse resolvido o problema da formação do seu povo. Nós estamos começando um novo momento: eu sei do obscurantismo que vocês viveram nesses últimos quatro anos”, pontou.

O presidente destacou ainda os avanços promovidos na educação brasileira em sua gestão ao longo de dois governos (2003-2010). “Eu tenho orgulho de ter vivido um momento em que a gente mais acreditou na educação. O momento em que a gente mais investiu em ciência e tecnologia, na educação universitária, no ensino fundamental, no ensino médio e nos institutos federais”, afirmou. Lula criticou ainda a interrupção dos encontros e afirmou que a agenda com reitores “é o encontro da civilização”. “Eu nunca consegui compreender a dificuldade de um presidente da República se encontrar com reitores uma vez por ano. A única explicação que vejo é o medo de ouvir reivindicações”, disse.

Percepção e expectativas do Reitor da UFF

O reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, foi um dos dirigentes que compareceu ao encontro com o presidente Lula. O evento, segundo ele, foi revestido de simbolismos, mas também de importantes ações práticas e concretas.

No seu olhar, a convocação da reunião com menos de 20 dias do início do novo governo é emblemático e simbólico, ainda mais frente aos múltiplos desafios, incluindo atos  anti-democráticos que se deflagraram recentemente. "A despeito de um cenário adverso, o presidente convocou esta simbólica reunião para enfatizar o papel central que a educação terá no seu governo e no desenvolvimento nacional conhecer. Também assumiu compromisso com a autonomia universitária e conclamou os reitores a assumirem o protagonismo das mudanças necessárias do ensino superior", comenta o reitor.

Antonio Claudio ainda acrescenta: "Outra marca importante e que demonstra a ação articulada do Governo Federal em prol do ensino superior foi a presença de  representantes de diferentes ministérios. Para além do Ministro da Educação, estavam presentes a Ministra de Ciência e Tecnologia Luciana Santos, o ministro da Casa Civil Rui Costa, o Secretário-Geral da Presidência Márcio Macêdo, além dos novos presidentes da CAPES e do CNPq. Tudo isso, ao meu ver, mostra o movimento de preparação para um novo ciclo, sendo a educação o elemento central do desenvolvimento nacional, de combate à pobreza, ao fascismo e às fakenews, e de ações em favor da sustentabilidade, do clima, da diversidade e outros. As universidades neste contexto têm o papel não apenas no ensino superior, mas também de colaborar para todos os níveis de educação do país", conclui o dirigente da UFF.

Em relação às questões práticas tratadas na reunião, Antonio Claudio destaca as discussões sobre a autonomia universitária como sendo um compromisso do novo governo. "Ter a garantia de que seja nomeado o dirigente escolhido pela comunidade é algo extremamente importante. É um fato concreto que elimina tensões e instabilidades institucionais que são nocivas a qualquer projeto de desenvolvimento", comemora Nóbrega.

De acordo com o reitor, na reunião também foram  debatidas as ações das universidades a partir do olhar estratégico para o país, aliado às necessidades da nação e direcionado para a formação de profissionais que sejam capazes de colaborar para o desenvolvimento nacional. "O presidente cobrou que as universidades trabalhem na resolução de problemas do cotidiano da população, para além dos debates acadêmicos", explica Antonio.

No que tange aos reflexos do encontro para a UFF, o reitor é categórico em afirmar que a UFF é uma das maiores universidades do país, algo que gera uma atenção especial do Ministro da Educação e do próprio Presidente, e que portanto a instituição também está pronta para apoiar o projeto de reconstrução nacional. "A UFF vai ter um papel central nesse processo. Não só pelo seu tamanho e a sua qualidade, mas também pela sua relação orgânica com o estado do Rio de Janeiro e com outros estados do país. Além disso, temos uma história de luta pela democracia e pela inclusão, elementos centrais nesse novo tempo", finaliza o Reitor da UFF

Simbologia

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a importância da retomada do encontro logo no primeiro mês de gestão. “Essa geração de reitores e reitoras – e creio que parte da geração anterior – não sabe o que isso significa, porque nunca experimentou uma reunião com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Tenho certeza de que é um gesto carregado de simbologia”, afirmou.

Ricardo Fonseca fez ainda um resgate das dificuldades enfrentadas pelas universidades e institutos ao longo dos quatro anos de governo Bolsonaro. “Nossas universidades federais foram maltratadas, destratadas e esganadas orçamentariamente. Fomos colocados como alvo e, pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é estar a serviço do Brasil nos projetos de desenvolvimento nacional”, lembrou.

O presidente da Andifes falou ainda da disposição de as universidades e institutos retomarem seu papel. “Este conjunto [de instituições] quer apresentar a esse governo sua firme disposição de estar a serviço do Brasil a partir de agora. Nós sabemos que o berço da produção de ciência e tecnologia são as universidades públicas brasileiras, e sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento, não há soberania, não há civilidade”, afirmou.

O dirigente lembrou ainda a atuação das universidades na defesa da democracia e reforçou a importância de contribuírem em diferentes esferas. “Queremos nos colocar a serviço dos projetos estratégicos do Brasil, nas áreas de meio ambiente, energia limpa, reindustrialização e educação, para acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino, porque as universidades entendem que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos”, completou.

Patrimônio da inteligência

O encontro também teve o objetivo de apresentar os reitores aos novos ministros da Educação, Camila Santana, e da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos. As duas pastas mantêm relação direta com o dia a dia das instituições.

Luciana Santos lembrou que as universidades são um patrimônio da inteligência brasileira e defendeu que, apenas por meio da ciência, é possível resolver os problemas do país, em diferentes esferas. Para isso, segundo ela, será preciso resgatar valores civilizatórios, ignorados e até combatidos nos últimos anos.

A ministra advogou ainda a necessidade de um ambiente democrático para o desenvolvimento da ciência e afirmou que, à frente da pasta, terá atuação incansável para assegurar os recursos necessários para a ciência e a tecnologia brasileiras. Camilo Santana, da Educação, falou sobre a importância do ensino, em seus diferentes níveis, entre os quais o superior, que voltará, segundo ele, a ter a devida valorização no terceiro governo Lula e na gestão do MEC.

Discursaram ainda a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães da Luz, e o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Zagury Tourinho. Também participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria-geral da Presidência, Márcio Macêdo

*Texto produzido pela assessoria de comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e adaptado pela Superintendência de Comunicação Social da UFF

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