SRI ganha novo espaço no Campus do Gragoatá

Novas instalações contam com divisórias e nova decoração Foto: Fernanda Queiroz

A Superintendência de Relações Internacionais (SRI) da UFF acaba de passar por uma nova mudança. O setor, antes localizado no prédio da Reitoria, agora se encontra no Bloco A do Campus do Gragoatá. Conhecida como Diretoria de Relações Internacionais, a SRI recebeu seu nome atual em novembro de 2014. Essas modificações ocorreram devido ao aumento da importância do trabalho de internacionalização da universidade.

Nos últimos anos, o país buscou uma maior projeção mundial, o que trouxe investimentos para os departamentos de RI das instituições públicas. Somado aos esforços da própria administração da universidade, esse crescimento permitiu que a SRI ganhasse a relevância atual. A Superintendência de Relações Internacionais da UFF, que em 2010 era apenas uma pequena assessoria, hoje está entre as dez maiores assessorias brasileiras que realizam esse tipo de cooperação entre o Brasil e estabelecimentos de ensino de outros países.

Com o Reuni, a UFF dobrou de tamanho. Passou de cerca de 25 mil para mais de 50 mil alunos, motivando o crescimento de todas as pró-reitorias. Por causa desse aumento, o volume de alunos intercambistas e de professores que buscam informações sobre convênios acadêmicos no exterior ficou muito maior. Todos os atendimentos eram realizados em uma pequena sala no mesmo andar do Gabinete do Reitor. Com o avanço da universidade e a necessidade de ampliação do espaço, a transferência do local de trabalho da SRI acabou sendo um reflexo do desenvolvimento da instituição.

Estamos em negociações para fechar um acordo com os chineses para trazer para a UFF o Instituto Confúcio", Livia Reis.

Ter um local agradável e acolhedor para receber o aluno estrangeiro foi um dos principais fatores para a mudança. Segundo a diretora de Relações Internacionais, a professora Livia Maria de Freitas Reis, “a ‘casa’ deles, o ponto de apoio de grande parte desses alunos é a SRI”. O espaço é arejado, amplo, com flâmulas e mapas nas paredes que atraem os olhares dos visitantes. O financiamento para os móveis e as divisórias das novas instalações foi obtido por Livia, por meio de um edital institucional da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

A SRI atua em três áreas diferentes: convênios, projetos especiais e mobilidade. Os convênios são parcerias entre a UFF e instituições de ensino estrangeiras com as quais são feitos acordos de cooperação, viabilizando parcerias acadêmicas e facilitando o acesso às oportunidades de intercâmbio dos estudantes. A validade dos acordos é de cinco anos, com possibilidade de renovação. Livia Reis diz que, quando chegou à superintendência, na época ainda assessoria, havia cerca de 80 convênios com instituições do exterior. Atualmente, a UFF tem por volta de 200.

Os convênios são propostos por professores que possuem alguma relação acadêmica com uma das instituições, ou são feitos por meio de feiras internacionais, quando há interesse de ambas as universidades se relacionarem. O objetivo principal destas feiras é firmar acordos de mobilidade de alunos. Tais acordos são divididos nas categorias “in” e “out”.

Na mobilidade “in”, em que alunos estrangeiros vêm passar um semestre na UFF, a SRI realiza um programa de apadrinhamento que conta com o envolvimento de estudantes brasileiros. No programa, eles se voluntariam a acompanhar o aluno do exterior nos seus primeiros dias no país. Os padrinhos recebem uma declaração de extensão que pode valer como atividade complementar. Como parte da iniciativa, a superintendência elaborou uma semana de acolhimento em que é ministrada palestra para os padrinhos e apadrinhados, que acontece todo semestre.

Já na mobilidade “out”, os alunos brasileiros interessados em estudar no exterior são selecionados por meio de editais. Eles são classificados conforme as especificidades de cada convênio, como número de vagas de acordo com determinado curso, ou outros métodos de abertura de vagas. “Tentamos realocar os alunos se eles não conseguirem vaga em sua primeira opção. Isso é definido por notas. Os melhores estudantes são os primeiros a serem atendidos”, explicou Livia.

Jennifer Araújo, aluna do curso de Letras Português/Inglês, atualmente está estudando na Universidade de Bishop, no Canadá. Ela conta que apesar das suas aulas terem começado há pouco tempo, apenas um mês e meio, a mobilidade internacional é, sem dúvida, uma das experiências mais enriquecedoras da sua vida: ”O contato com hábitos, línguas e culturas diferentes tem trazido amplas reflexões e questionamentos, bem como um grande conhecimento pessoal e novos olhares sobre o mundo. Para mim, esta é uma experiência única e extremamente compensadora”.

Dentre os vários tipos de mobilidade disponibilizados pela UFF, o Programa América Latina é um dos mais valorizados pela SRI. O projeto dá oportunidade para alunos brasileiros estudarem em diversos países da América do Sul e Central. Para receber a bolsa, o estudante deve ter um bom CR e comprovar condições de vulnerabilidade econômica. O programa é aberto exclusivamente para aqueles que já recebem algum tipo de auxílio da universidade.

Os alunos que farão o intercâmbio por este ou outros programas são reunidos e recebem uma orientação pré-viagem. Além disso, são realizadas reuniões com professores dos países escolhidos e com estudantes que voltaram do intercâmbio. “No caso de Portugal, por exemplo, a reunião se realiza em um auditório com cerca de 150 alunos, quando aprendem sobre a história e cultura do país”, afirmou Livia. Na última reunião, há uma cerimônia que reúne os pais e estudantes prestes a viajar sozinhos, quase sempre pela primeira vez. “É muito emocionante. São seis meses nos quais o aluno, normalmente na casa dos 20 anos, vai ter uma experiência única.”

Para o graduando de Economia Fernando da Silva, que passou um período letivo no Uruguai pelo Programa América Latina, a convivência com pessoas de culturas diferentes o fez repensar diversos aspectos de sua trajetória acadêmica. “Tive a honra de conviver com coreanas, japonesas, peruanos, americanos, alemães, além de uruguaios. Foi uma experiência extremamente enriquecedora.” Segundo ele, a SRI sempre esteve disponível, proporcionando sensação de segurança e proximidade. “Na maioria das vezes, as respostas vinham com clareza e agilidade, considerando a grande demanda de mensagens.”

Projetos especiais

Dentro da parte de projetos especiais, há o curso de Português para Estrangeiros no Instituto de Letras. “Há 50 anos, temos esse programa no qual damos a disciplina de Língua Portuguesa para alunos de países da África e da América Latina. Todo estudante do exterior ao chegar à universidade tem direito a este programa gratuito.” Livia Reis também explica que essas aulas são abertas duas semanas antes do começo do período e continuam durante todo o semestre letivo. A UFF foi uma das primeiras universidades brasileiras a ensinar o português como língua estrangeira para alunos de fora.

Segundo Livia, para a UFF ter mais destaque no cenário externo era necessária uma acessibilidade maior aos cursos de idiomas. “Nossa menina dos olhos na questão da inclusão é o Programa de Universalização de Línguas Estrangeiras (Pule).” A SRI percebeu muito cedo que o maior desafio para quem pretende fazer intercâmbio era a falta de um programa de línguas mais abrangente. Para isso, desenvolveu o Pule. Durante três anos, aos sábados, estudantes da UFF, prioritariamente participantes de algum programa de assistência estudantil, têm aulas ministradas por professores bolsistas selecionados dentre os melhores dos últimos anos dos cursos de línguas estrangeiras.

Sala 406 e outras novidades

Na sala 406 do Bloco A do Campus do Gragoatá, foi criado um espaço de multimeios destinado à comunicação entre a SRI e universidades de outros países. Aparelhada com alto-falantes, projetor e microfone, a 406 foi financiada pela Faperj. A sala é aberta não só para o setor de Relações Internacionais, mas também para videoconferências, “workshops” e alunos apresentarem teses de defesa de doutorado.

Com os objetivos principais de atrair estudantes de fora e proporcionar um treinamento para alunos brasileiros, outra novidade foi pensada pela SRI: o oferecimento de disciplinas na língua inglesa. Esse projeto, que deve ser iniciado no segundo período de 2016, conta com a participação de professores de vários institutos e entrará para o currículo escolar normalmente, como qualquer outra matéria apresentada em português.

Instituto Confúcio e Ranqueamento QS

Na busca por mais convênios, representantes da SRI irão viajar para a China para mostrar a posição do Brasil no projeto que envolve redes de universidades dos países do Brics. “Estamos em negociações para fechar um acordo com os chineses para trazer para a UFF o Instituto Confúcio, que tem unidades espalhadas pelo mundo ensinando língua, literatura e cultura chinesas”, explicou Livia, animada com o projeto. “No Brasil, apenas seis universidades têm unidades do Instituto Confúcio.”

Outro ponto importante para o crescimento da visibilidade da UFF no exterior é a sua posição no ranqueamento das universidades. Uma dessas formas de classificação é feita pelo Quacquarelli Symonds (QS), órgão que cataloga os estabelecimentos de ensino realizando essa função dentro das instituições.

O QS analisa os trabalhos acadêmicos e a relevância dos veículos em que são publicados, fazendo uma parceria com universidades e questionando-as sobre seus convênios. Dentro dessas questões abordadas, que contam para posições no ranking, estão quadras esportivas, piscinas, alojamentos e uma série de coisas nem sempre disponíveis em universidades brasileiras. Porém, para a diretora da SRI, as classificações também têm o seu lado positivo. “Por meio desses dados, conseguimos fazer uma avaliação interna do que precisa ser melhorado.”

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