Trote Cultural: consciência social e voluntariado une calouros e veteranos da UFF

Trote Cultural promove doação de sangue no Huap

Doação de sangue, corte solidário de cabelo para confecção de perucas e limpeza de praias estão entre as ações promovidas

O Trote Cultural, criado em 2001, é uma alternativa aos trotes convencionais e tem como objetivo gerar impacto positivo para a sociedade. Com foco na cidadania, respeito à vida e cuidado com o meio ambiente, suas ações visam à preparação dos alunos não só para a formação de nível superior, mas também para sua consciência social e participação na construção de um Brasil mais justo. O projeto incentiva a realização de atividades socioculturais e voluntárias aos novos universitários, agregando assim valores em sua vida acadêmica e pessoal. A UFF foi a primeira universidade a declarar apoio público e formal às atividades de trote desenvolvidas pelos seus estudantes.

O projeto, que começou nos campi de Niterói, se expande a cada ano e já se consolidou como um marco do início dos semestres letivos para toda a comunidade estudantil. Atualmente, o evento conta também com a participação de 49 cursos de 6 unidades acadêmicas da UFF - Macaé, Niterói, Petrópolis, Santo Antônio de Pádua, Volta Redonda e Campos - em sua programação. O Trote será realizado até 9 de abril e a expectativa é que cerca de 4 mil pessoas participem das atividades.

Na opinião do vice-reitor, Antonio Claudio da Nóbrega, a UFF, enquanto comunidade, transformou o que no passado era somente um momento de recepção de novos alunos em uma ação de solidariedade, responsabilidade social e reflexão sobre nosso papel como universidade pública. “Nossos novos alunos já chegam inteirados sobre seu lugar no universo acadêmico e na sociedade, tornando-se atores e atrizes do seu processo de transformação", afirma.

“O Trote Cultural foi implantado há 17 anos pela Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e tem a intenção de receber os ingressantes com ações dignas dos nossos universitários, realizando trotes criativos, inovadores, solidários, encerrando-os com novatos e veteranos reunidos em uma grande festa de confraternização, sempre com uma proposta multidisciplinar, inovadora, dentro de espaços da própria universidade e de caráter cultural”, explica a servidora e coordenadora do projeto, Nelma Cezário.

Pude me envolver com o Trote Cultural três vezes e em cada uma delas tive uma experiência diferente que vou levar pra sempre", estudante Caio Pacheco.

As campanhas - propostas pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pelos Diretórios Acadêmicos (DAs) - são realizadas no início de cada período letivo e contam com a participação de veteranos e calouros que ingressaram nos diversos cursos de graduação. Por sua atuação direta em comunidades de baixo índice de desenvolvimento humano (IDH), em escolas públicas, orfanatos, asilos, além de palestras acadêmicas, visitas aos campi da universidade, visitas técnicas, etc., o Trote tornou-se um elemento de integração entre a comunidade estudantil, a instituição e a sociedade.

Segundo a coordenadora, a administração superior da universidade, técnico-administrativos e professores também participam ativamente das campanhas e dos eventos organizados e oferecem infra-estrutura necessária às diversas produções, dentre elas, programação visual, cobertura jornalística, material gráfico, transporte, etc., potencializando os trotes de caráter social e/ou cultural.

“A característica de interatividade do Trote Cultural UFF permite sua interface com importantes campanhas de prevenção de doenças, de educação, preservação do meio ambiente, de esporte, de combate às drogas e à violência, de coleta de roupas, alimentos, brinquedos, materiais de limpeza e escolar, livros, medicamentos, fraldas descartáveis, de doação de sangue, além da organização de debates e oficinas com temas de interesse público. Isso possibilita também a interação com projetos dos governos federal, estadual e municipal, como o Programa Fome Zero e Amigos da Escola, além de diversas fundações e organizações não-governamentais”, destaca Nelma.

Para o aluno do 5º período do curso de licenciatura em Física de Santo Antônio de Pádua, Caio Pacheco, o Trote Cultural é um momento para agregar conhecimentos e vivenciar o trabalho em grupo, com brincadeiras coletivas que fazem a integração dos novos universitários com seus companheiros de curso, onde trocam ideias e experiências com os veteranos. Em sua opinião, o Trote é uma forma de atrair a população da cidade para o campus, além de despertar o interesse de futuros estudantes.

“Tive a experiência de participar como calouro no período em que ingressei na universidade, em 2016, já no ano seguinte estive junto aos veteranos na recepção dos calouros. Em 2018, tenho a oportunidade de participar mais uma vez, agora como representante discente. Pude me envolver com o Trote Cultural três vezes e em cada uma delas tive uma experiência diferente que vou levar pra sempre”, relembra Caio.

Nesta edição, a novidade fica por conta da participação das ligas acadêmicas do curso de Medicina. Elas promoverão no Huap a campanha “Amor em Cada Fio”, que acontecerá no dia 21 de março, das 9h às 17h30. A ação tem como principal objetivo a doação de fios que serão utilizados na confecção de perucas para pacientes submetidos à quimioterapia. O corte de cabelos com mais de 15 cm será realizado pelos profissionais do Espaço Juliana Paes e doado para a Adama (Associação dos Amigos da Mama), com o intuito de promover o aumento da autoestima da mulher submetida à terapia de combate ao câncer. Na ocasião, serão dadas orientações sobre a saúde da mulher para os participantes. Além disso, doações de leite em pó, Sustagen e Nutren Active também serão recebidas no local. Os produtos serão encaminhados para a Comissão de Aids e para o setor de Oncologia do hospital.

A estudante do sétimo período de Medicina e participante da Liga Acadêmica Multiprofissional de Saúde Mental e Psiquiatria (LiPsi), Carla Graziela Paes Ladeira, explica que a liga é um projeto de extensão do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da UFF, mas é, antes de tudo, uma iniciativa estudantil, organizada por e para estudantes. “Nas atividades realizadas por nosso grupo, a proposta é reunir diferentes públicos e formar parcerias, por isso, no Trote Cultural, esperamos calouros de Enfermagem, Medicina, Pedagogia, Psicologia, Serviço Social e demais cursos das áreas da saúde e educação. No dia 22 de março, às 13h, iremos ao Museu de Imagens do Inconsciente, localizado no Instituto Municipal Nise da Silveira, no Rio de Janeiro. A ideia da visita, além de permitir a integração dos calouros de vários cursos, tem a intenção de reconhecer a realidade multifacetada do inconsciente e da subjetividade e de estabelecer contato com a fronteira real da prática de cuidado com o outro”, explica.

Dentre as atividades dessa edição do Trote Cultural, destacam-se a ação de limpeza na Praia de Icaraí, promovida pelo curso de Ciência Ambiental, a doação de sangue mobilizando diversos cursos, trabalho voluntário em ONGs de animais abandonados pelos estudantes de Medicina Veterinária e escovação de dente dos alunos do colégio de aplicação Geraldo Reis pelos universitários de Odontologia. Além disso, um mutirão está sendo realizado pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo para restaurar as moradias da comunidade Mama África, no Ingá, com o objetivo de melhorar as condições de habitação de 36 famílias através da pintura das paredes e da fachada do casarão onde vivem.

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