Ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi palestrará na Agenda Acadêmica: “a UFF me marcou”

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Academia Brasileira de Letras
O ex-aluno de graduação da instituição falará sobre ciência, tecnologia e inovação

Depois da pandemia, do distanciamento social e tantos outros desafios vividos nos últimos anos e atualmente, o que poderemos (re)encontrar na Agenda Acadêmica da Universidade Federal Fluminense (UFF)? Encontros e reencontros seguem fazendo parte da história da universidade, como se verá nesta entrevista concedida à Assessoria de Imprensa da Superintendência de Comunicação Social (DAI/SCS/UFF) por Marco Lucchesi, que conta um pouco sobre a palestra que ministrará no maior evento acadêmico da UFF. Lucchesi também discorre sobre outros assuntos, inclusive acerca de sua relação como ex-aluno da instituição, onde cursou graduação em história entre 1982 e 1985. Entre diversas outras conquistas, anos mais tarde – em 2017 – ele seria eleito o presidente mais jovem da Academia Brasileira de Letras (ABL) dos últimos 70 anos.

Trarei alguns pontos principais que me parecem urgentes: a defesa da universidade; o redesenho específico para que departamentos e institutos abram seus horizontes sempre mais no caminho da interdisciplinaridade - Marco Lucchesi

(SCS/UFF) O Sr. foi presidente da ABL entre 2018 e 2021. Antes disso, entre outras realizações, foi um jovem estudante de graduação na UFF. Agora, ministrará uma palestra na mesma casa onde se graduou – instituição que, entre outros públicos, possui dezenas de milhares de estudantes, em sua maioria, jovens. Quais são as tantas conexões possíveis desse (re)encontro que ocorrerá na Agenda Acadêmica da UFF?

A UFF pertence ao meu destino, ou eu pertenço ao destino da UFF. Trata-se da história da cidade, do curso de História e de meus primeiros passos. Não posso dizer que se trate de um reencontro, porque significaria ter perdido-a do horizonte e voltando agora com ela. Não, a UFF sempre me habitou e me marcou.
A minha gratidão é tanta que doei uma parte essencial do meu acervo para o Centro de Memória Fluminense, incluindo livros e mais de 2 mil itens autografados por Carlos Drummond, Gilberto Freyre, José Cândido de Carvalho e muitos outros autores brasileiros e internacionais. Além disso, em tempos mais recentes, também doei alguns quadros, incluindo uma bela obra de um ilustre membro da Universidade Federal Fluminense, o querido amigo Israel Pedrosa, cuja obra foi publicada pela Editora da UFF.
Portanto, não deixei nunca a condição de estudante e com os atuais estudantes eu me sinto em casa. A própria história da universidade brasileira é feita de conexões intergeracionais e me parece tremendamente oportuno que a Agenda Acadêmica trabalhe dentro de uma perspectiva cronologicamente democrática, entre o futuro sedento de construção e a experiência dos professores que nos antecederam.

(SCS/UFF) O Sr. lançou na semana passada o livro “Hinos Matemáticos”, um encontro de números e poesias. Considerando a interdisciplinaridade e outros encantos do conhecimento, qual a importância de um evento como a Agenda Acadêmica nesse contexto? E qual a relevância de se promover ciência, tecnologia e inovação no Brasil atual?

Além do livro “Hinos Matemáticos”, foi também lançado o livro organizado pela professora Ana Maria Haddad e demais colegas, intitulado “Poeta do Diálogo”. Os dois livros apontam para meu dileto horizonte radial ou interdisciplinar, que é o que também procuro imprimir na presidência que me cabe hoje na Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente.
A Agenda Acadêmica, em qualquer contexto, seria por si só um passo eloquente para repensar a universidade, exercício de metacrítica e convocação para o redesenho de novos rumos e passos subsequentes.
No momento dramático em que vivemos, com a universidade sendo atacada por todos os lados, ela [a Agenda] se torna uma trincheira. Mas uma trincheira que não rebate, nos termos que a universidade desconhece: argumento de barbárie, argumento de força, argumento de presunção, quase absolutista. Ao contrário: trata-se neste momento de difundir, de maneira sempre mais capilar, valores que, no fundo, contribuem para reforçar uma cultura democrática. Mais do que determinadas leis que impeçam arroubos autoritários e derivas ditatoriais, a maior herança produzida pela universidade será justamente o aprofundamento da cultura democrática na sua rotina fabulosa de pesquisa, ensino e extensão. E, de modo particular, a inovação tecnológica – mais de 90% de nossa inovação é fruto direto da pesquisa na universidade.
Portanto, é um momento ímpar e quero também agradecer, de modo especial, ao Reitor Antonio Claudio que, durante a pandemia, comportou-se de modo altivo, criativo, ousado e corajoso. Estabelecemos diversas parcerias quando eu estava na presidência da Academia [Brasileira de Letras] com a Universidade Federal Fluminense. E sou, portanto, muito grato pelo diálogo naquele momento tão dramático.
Hoje o momento também é dramático. Ou o Brasil aposta no fortalecimento de suas próprias instituições ou aposta em heróis de ocasião e do varejo que, naturalmente, não possuem nenhum traço de heroísmo.

Crédito: Academia Brasileira de Letras

(SCS/UFF) Quais os planos para sua palestra, especialmente considerando o tema da SNCT e da Agenda ("200 anos de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil")?

Trarei alguns pontos principais que me parecem urgentes: a defesa da universidade; o redesenho específico para que departamentos e institutos abram seus horizontes sempre mais no caminho da interdisciplinaridade ou do conhecimento radial; e, especialmente, falarei sobre o papel da universidade no desenho de uma cultura efetivamente democrática, com valores consolidados no horizonte republicano, na promoção da justiça, da paz e da igualdade. Uma cultura em que todos os brasileiros não sejam iguais apenas do ponto de vista abstrato, mas na concretude nos serviços e nas oportunidades, para que ninguém seja classificado como súdito, mas para sermos todos cidadãos de igual categoria. A UFF está de parabéns pela iniciativa!

Serviço:

Palestra com Marco Lucchesi: 18 de outubro de 2022, 15h: https://bit.ly/3dNmtR0
Agenda Acadêmica da UFF (17 a 23 de outubro de 2022) – Programação completa: http://www.agendaacademica.uff.br/
Biografia de Marco Lucchesi: academia.org.br/academicos/marco-lucchesi/biografia / pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Lucchesi

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