Grupo da UFF propõe soluções para redução do preço da energia elétrica no Rio de Janeiro em até 20%

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GENER é referência em pesquisas na área de economia da energia

Os estudos em economia da energia possibilitam imaginar energia elétrica mais barata e sem perder competitividade. Esse é um dos contextos em que se desenvolvem as atividades do Grupo de Energia e Regulação da Universidade Federal Fluminense (GENER - UFF). As pesquisas do GENER são voltadas para temas econômicos e regulatórios no mercado energético de modo a fortalecer o ensino de economia da energia no Brasil e contribuir para o desenvolvimento de soluções sustentáveis em termos econômicos e ambientais. Assim, a partir da atuação de organizações como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), consolida-se parte de um ciclo de atividades que define as diretrizes das políticas energéticas do país. Essas atividades incluem estudos e pesquisas que irão efetivamente orientar o desenvolvimento do setor energético brasileiro.

O coordenador do grupo, professor Luciano Losekann, do Departamento de Economia da UFF, conta que o grupo reúne professores da UFF e de outras universidades, além de alunos de pós-graduação. “Nossas atividades são oferta de disciplinas nos temas de energia e regulação na graduação e pós-graduação, orientação de dissertações e teses, publicação de artigos, livros e capítulos que resultam das linhas de pesquisas, dos seminários GENER, além da divulgação científica (extensão) com o Blog Ensaio Energético, que é um espaço criado para a difusão de conhecimento científico sobre os mercados de energia. Também apoiamos instituições de regulação e concessão de serviços através de projetos de pesquisa, cursos de formação e consultorias”.

Luciano pontua que os mercados energéticos são muito relevantes para o funcionamento da economia, influenciando no bem-estar da população e na competitividade das empresas. “Isso ficou muito claro com a explosão de preços de combustíveis e da eletricidade no último ano. Nossa atuação contribui para um debate mais qualificado desses temas, tanto através de produção científica quanto do apoio a instituições do setor. Um exemplo relevante de nossas contribuições é a forma mais adequada de precificar combustíveis (diesel, gasolina e GLP), mitigando o impacto sobre a sociedade sem comprometer a atratividade empresarial”.

Outra questão importante de debate no grupo são as energias vindas de fontes renováveis. “Esse é um tema central na área de economia da energia. O uso desse tipo de energia se consolidou como uma grande tendência a busca por matrizes de produção de energia com menor intensidade de carbono. A vantagem brasileira é já ter uma participação forte na geração de energia através de hidrelétricas e em biocombustíveis. Considerando esse fato, o Brasil pode ser encarado como uma liderança nesse movimento, pois, mesmo estando à frente de outros países na emissão de CO₂ (dióxido de carbono) a partir de energia, o nosso desafio nesse sentido é importante”.

Segundo Luciano, o GENER está pesquisando bastante sobre a difusão de fontes solares. O docente explica que o Brasil é um país bastante favorável para a instalação de painéis fotovoltaicos. “No entanto, até aqui, essa difusão está um pouco limitada aos domicílios com maior nível de renda. O desafio é: como propiciar que camadas mais pobres da população tenham acesso a esse tipo de tecnologia? Painéis solares podem ser distribuídos em comunidades, por exemplo. Esse é um dos temas que o GENER tem pesquisado, inclusive como  tema de um estudo feito para o Instituto Escolhas”, acrescenta.

Estudo do GENER propõe soluções para redução de custo da energia elétrica

A pesquisa feita pelo GENER para o Instituto Escolhas aponta a possibilidade de reverter o aumento contínuo do peso dos encargos nas tarifas de eletricidade. “A tarifa de eletricidade é utilizada para financiar um amplo conjunto de subsídios, alguns não relacionados ao suprimento de eletricidade. Pela proposta, em 2027, 75% dos encargos deixariam de ser cobrados via tarifas de eletricidade. O impacto estimado é a redução de 8,5% do preço da eletricidade considerando tanto a redução imediata como progressiva até 2027”, aponta Luciano.

O professor conta que a pesquisa propõe também a revisão da tarifa social para que ela se torne um instrumento mais eficaz para reverter a vulnerabilidade energética de famílias de baixa renda, incluindo famílias pobres que consomem mais energia devido ao número de residentes ou por necessidade de conforto climático. “A geração de energia sustentável consegue ampliar a quantidade consumida de eletricidade de famílias de baixa renda sem onerar os demais consumidores. Para tanto, sugere um Programa de Transição Energética Justa que ampliaria os recursos já orientados para difundir painéis solares em domicílios de baixa renda. O custo social do subsídio seria reduzido em R$ 1,1 bilhão ao longo da vida útil dos sistemas de geração solar”.

Além da proposta de utilização de energia solar para o complemento da quantidade de energia consumida por famílias de baixa renda, combater o furto de energia também é uma forma que o estudo aponta para atenuar o preço da eletricidade. “Em áreas de concessão em que grupos criminosos controlam parte do território e exploram o serviço de fornecimento ilegal de eletricidade, como no caso da cidade do Rio de Janeiro, o combate às perdas é complexo e exige a ação de diversas esferas de governo. No estudo de caso que desenvolvemos, se o programa de combate conseguisse levar os níveis de perdas para a média do Brasil, o preço médio da eletricidade no município poderia ser reduzido em cerca de 20%”, encerra Luciano.

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