Pesquisadores da UFF investigam empreendedorismo brasileiro na Austrália e em outros países

Coordenador-geral do projeto Eduardo Picanço - Fotos: Guilherme Cunha

O projeto de pesquisa Internacionalização de Pequenas e Médias Empresas, iniciado em 2012 em cidades dos Estados Unidos, expandiu suas atividades para a Austrália. Vinculado ao Departamento de Empreendedorismo e Gestão da UFF, tem como objetivo investigar as características e habilidades gerenciais dos pequenos e médios empresários no exterior.

A partir de levantamentos presenciais e on-line, os professores que realizam a pesquisa, Eduardo Picanço, Cesar Barreto e Daniele Oliveira, pretendem entender os movimentos dos empresários, mapear as comunidades brasileiras no exterior e colaborar com a criação de câmaras de negócio ou no apoio à qualificação e treinamento de pequenos empresários radicados nos países pesquisados.

Os brasileiros moradores de cidades australianas e interessados em colaborar com o estudo devem acessar a página https://docs.google.com/forms/d/1Jc_bZOKkMgGhclWBEFDnGLiQ99YfvRkDbgV02DKCIU4/viewform e responder ao questionário on-line.

Há também perguntas específicas para empreendedores na Austrália, disponíveis no link https://docs.google.com/a/id.uff.br/forms/d/1yXnLYgmAMnEwBQHf6Xct2XTtOUbLOu8OMPYtoED0wnk/viewform?edit_requested=true.

O estudo iniciou-se em Orlando, Flórida, e, no mesmo estado, alcançou as cidades de Miami e Pompano Beach, a segunda maior colônia de brasileiros nos Estados Unidos. Os pesquisadores aguardam a liberação de recursos da Faperj, aprovados no edital Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1), para expandir o projeto até Boston. O Japão também deverá ser foco de estudo, por meio de um projeto submetido ao CNPq.

Também participam do projeto os bolsistas Ricardo Moura e Ygor Marques, graduandos em Relações Internacionais, e os voluntários Leandro Versiani e Raiane Nogueira, alunos do curso de Processos Gerenciais e Empreendedorismo. Raiane também é bolsista Pibiti PIBInova, da Agir, com o projeto Conectando a Comunidade Brasileira de Trabalhadores Informais na Cidade de Pompano Beach — EUA através de Solução Digital: Aplicativo para Dispositivo Móvel, Portal ou Software, coordenado por Picanço.

Um dos principais desafios é, segundo o coordenador-geral do projeto, Eduardo Picanço, a escassez de material sobre o empreendedorismo brasileiro em território australiano. “Sempre que entramos em algum país ou cidade, buscamos fontes bibliográficas sobre a formação da comunidade brasileira na região. No caso dos brasileiros na Austrália, pouco se sabe sobre o perfil desse migrante. Nesse caso, resolvemos, antes de estudar os empresários, estudar as pessoas. Então, uma etapa fundamental é a coleta de artigos e reportagens da imprensa local, com os principais jornais australianos, nos últimos anos, a fim de ter um retrato social do brasileiro naquele país”, explicou.

Em relação à divulgação on-line, o coordenador acredita que as redes sociais são uma ferramenta poderosa para ampliar o alcance da pesquisa. “Lançamos mão de nossos contatos no Facebook e, nas primeiras quatro noites, conseguimos 350 respostas. Isso é muito bom, mas precisamos aumentar a capilaridade da pesquisa e conseguir maior validação estatística, alcançando uma margem de erro de 3%, com aproximadamente mil respostas”, afirmou.

Responsável pela fase presencial da pesquisa na Austrália, Daniele Oliveira diz que mesmo no país não há muito controle de dados oficiais referentes à presença de empreendedores brasileiros. Moradora de Sydney e atualmente licenciada da UFF, a pesquisadora tem buscado parcerias com consulados, embaixada, mídia especializada e associações de brasileiros, como a Associação Brasileira para o Desenvolvimento Social e Integração na Austrália (Abrisa) e a Câmara de Comércio Brasil-Austrália (ABCC). “As contribuições de uma aproximação 'in loco' são múltiplas, pois possibilita uma visão mais clara sobre os conteúdos estudados e cria as condições necessárias para obtenção de um resultado mais consistente e fiel à realidade observada”, defendeu ela, destacando ainda o papel redes sociais, principalmente dos grupos temáticos sobre Brasil e Austrália, no aumento de visibilidade ao estudo.

“Já obtivemos em torno de 600 respostas ao primeiro questionário, graças, em parte, aos contatos realizados e à interface com as associações. Assim, é possível ter uma ideia do tamanho da comunidade empresarial brasileira na Austrália que, em sua maioria, imigram para a Austrália como estudantes, de inglês, geralmente, e se tornam empresários na busca de uma alternativa ao mercado de trabalho australiano”, explicou.

A professora acredita que a presença no local, além de facilitar a comunicação com os entrevistados, possibilitará a realização de entrevistas, eventos e discussões com o brasileiro-empreendedor na Austrália. “A Câmara de Comércio já manifestou seu desejo de promover um evento, no ano que vem, para um ‘networking’ com os empreendedores brasileiros. Antes disso, pretendemos já publicar um primeiro produto da pesquisa.”

Outras informações sobre o projeto de pesquisa no site http://www.uff.br/mpe-internacional/.  

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