O projeto "Tem Ciência na Batucada – 2023", coordenado por pesquisadores do Instituto de Biologia, realizará no próximo dia 03 de fevereiro, um evento na quadra da escola de samba Portela, em Madureira, no Rio de Janeiro. O objetivo é levar as ciências para as escolas de samba mirins como instrumento de impacto e transformação social.
A programação inclui diversas atividades e oficinas relacionadas à microscopia, anatomia comparada, libras, realidade aumentada, impressão 3D e muito mais. A entrada é livre.
O Projeto
O projeto tem inspiração na história do samba, que surgiu no Brasil no início do século XX, nas comunidades afro-brasileiras em alguns bairros do Rio de Janeiro e atualmente está presente em todo território nacional. Sua expressão cultural é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro. Como dizia o poeta Mouro “A roda de samba não nasceu numa base ideológica de resistência cultural” ( Moura, 2004), mas nasceu baseada em afinidades da cultura negra e popular, que surgem os temas de muitas questões, como a desigualdade social, a intolerância religiosa e a discriminação racial. Como muitas músicas cantadas na avenida que retratam a dor de uma essência humanitária oprimida, como por exemplo, a canção “Despejo na Favela”, escrita em 1966, “Quando o oficial de justiça chegou/Lá na favela/E, contra seu desejo/Entregou pra seu Narciso/Um aviso, uma/ordem de despejo/Assinada, seu doutor/Assim dizia a ‘pedição’/”Dentro de dez dias/ Quero a favela vazia/E os barracos todos no chão”. O samba foi e é para muitas pessoas, ferramenta não apenas de ascensão social, mas de sobrevivência. A comunidade artística tem identidade e a arte é mostrada em versos e prosas como já dizia Bezerra da Silva- “E se não fosse o samba/quem sabe hoje em dia eu seria do bicho?/Não deixou a elite me fazer marginal/E também em seguida me jogar no lixo”.
Neste contexto, o Projeto "Tem Ciência na Batucada” objetiva levar as ciências para as escolas de samba mirins como instrumento de impacto e transformação social, estimular o interesse dos participantes destas comunidades, fazendo crianças e adolescentes de 5 a 18 anos conhecerem e executarem projetos de pesquisa realizados na atualidade. Na fase inicial do projeto, observou-se o grande interesse do público pela carreira científica, mas ao mesmo tempo, uma grande necessidade de aperfeiçoamento. Além disso, esses componentes precisam de bases educacionais contínuas. Mas isso não significa que o fascínio pela carreira científica não possa transformá-los em grandes pesquisadores, contribuindo assim para o crescimento econômico, social e intelectual de nosso país por meio da pesquisa científica.
