UFF lança Centro para qualificação e apoio profissional de pescadores no Amapá

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Pixabay

Os mais de 4,7 mil pescadores associados do município de Santana têm um novo local voltado à formação, qualificação e apoio profissional. Nesta última quinta-feira (28), foi lançado o laboratório do Centro Vocacional Tecnológico (CVT), que conta com computadores, internet, e acessórios de escritório para o uso desses extrativistas.

A realização é da Universidade Federal Fluminense (UFF), com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O projeto tem o objetivo de promover ações inclusivas e participativas de pesquisa e desenvolvimento e voltadas ao fortalecimento dos arranjos produtivos extrativistas no estado do Amapá.

A UFF, por meio de seus docentes, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação, tem atuado no Amapá desde o início de 2019, produzindo pesquisa e se articulando com as redes científicas locais e os saberes comunitários e tradicionais. O reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega se empenhou diretamente para a inserção da instituição nesta ação, uma vez que ela acumula quase cinco décadas de presença ininterrupta na Amazônia brasileira.  Segundo ele, este é mais um projeto que destaca o papel da Universidade em prol da sociedade.

“O Brasil passa por uma crise sanitária e econômica muito séria, ações de qualificação criam oportunidades para que estes trabalhadores possam ter condições melhores de vida e manter sua profissão, bem como contribuem para que a economia local, da pesca, agricultura, continue se movimentando. Uma das nossas missões é, por meio da pesquisa científica, colaborar para a diminuição das desigualdades e para o desenvolvimento social e econômico do nosso país. São em ações assim, dentre outras milhares, que cumprimos nosso objetivo e nos realizamos como instituição”, afirma o reitor.

Atuaram na iniciativa professores e estudantes da Faculdade de Economia e Veterinária e do Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental da UFF, com o importante apoio da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec). A engenheira agrícola e ambiental, Stephany da Costa Soares, mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Biossistemas falou sobre sua experiência no desenvolvimento do projeto:

“Este foi um verdadeiro presente para minha formação profissional e pessoal. Através da pesquisa, aprendi muito sobre as riquezas do extrativismo, a cultura e as dificuldades das populações que sobrevivem dessa atividade, além da importância da organização em cooperativas para fomentar o desenvolvimento econômico e social. É muito gratificante ver quase dois anos de pesquisa saindo da teoria e impactando de forma real o dia a dia dessas comunidades. É a pesquisa transformando histórias”, comemora a estudante.

Durante a cerimônia de entrega, o pescador Rogério Oliveira, de 38 anos, falou sobre a importância do laboratório.

“Vai facilitar a nossa vida, porque vamos poder consultar se o nosso seguro está disponível. Antes a gente tinha que ir até outro bairro pra poder ver isso. Também quero participar dos cursos para melhorar o nosso trabalho”, declarou o pescador.

Para o presidente da Cooperativa Dourada, Raimundo Nobre, o laboratório era o que faltava para complementar o apoio aos pescadores locais.

“Essa é uma grande conquista para os nossos pescadores, porque vai trazer o avanço tecnológico para bem perto. Eles precisam das capacitações, mas ainda não tinham um local para isso. Hoje, com essa parceria com a Setec e as universidades, temos essa oportunidade para eles estudarem e terem benefícios”, destacou.

Ainda serão instalados dois outros laboratórios no Amapá, sendo um em Laranjal do Jari, voltado à cadeia produtiva da castanha do Brasil e um terceiro, em Macapá, destinado à cadeia do Açaí.

De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia, Rafael Pontes, os CVT’s no Amapá irão melhorar os processos produtivos essenciais para a economia local.

“O projeto beneficia diretamente as cadeias produtivas do açaí, do pescado e da castanha do Brasil, a partir da estruturação de ambientes tecnológicos abertos às comunidades extrativistas. Assim geramos mais oportunidades e incentivamos o desenvolvimento desses setores essenciais”, explicou o secretário.

A iniciativa nacional dos CVT’s é do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (Mcti). No Amapá, o projeto é apoiado pela Universidade do Estado (Ueap), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Amapá), Sistema OCB/AP, Sebrae Amapá e, em Santana, pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município.

O CVT da pesca está localizado no prédio da Cooperativa Dourada, Rua Rio Jari, nº 53, na área portuária de Santana.    

Os CVTs

Os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT´s) são unidades de ensino e de profissionalização, voltados para a difusão do conhecimento científico e tecnológico, além da transferência de conhecimentos tecnológicos aplicáveis à melhoria dos processos produtivos.

 

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