Mapeamento de superbactérias é estratégia recorrente no hospital universitário da UFF

Crédito da fotografia: 
Pixabay
A ação contribui para prevenção, controle e tratamento de infecções causadas por esses microrganismos

Atualmente, a resistência aos antibióticos é uma ameaça à eficácia da prevenção e do tratamento de muitas infecções. Em razão disso, o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), em Niterói, passou a realizar o monitoramento contínuo de superbactérias. O objetivo da ação é investigar os mecanismos de resistência e virulência dessas superbactérias através de amostras coletadas de pacientes atendidos no hospital.

O monitoramento é realizado pelo grupo de pesquisa “Estudo de bactérias de importância médica (humana e veterinária) de origem hospitalar, comunitária e/ou ambiental” (GPEBIM) do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). O foco são as bactérias consideradas de emergência pela Organização Mundial da Saúde (OMS): acinetobacter baumannii, pseudomonas aeruginosa e enterobacterales. A primeira é responsável por infecções na pele, no trato urinário, respiratórias e no sangue. A segunda também causa os problemas anteriores (exceto no sangue), como também infecções oftalmológicas, ósseas e sistêmicas. A terceira é responsável por infecções do trato urinário, pneumonia, meningites do recém-nascido, bacteremias e sepse.

Thiago Pavoni é um dos líderes do grupo de pesquisa e docente da UFF, na área de bacteriologia e genética de microrganismos. De acordo com o professor, a resistência bacteriana é um fenômeno natural. Contudo, as ações humanas, como o uso de antibióticos tanto na prática clínica quanto na veterinária, potencializaram esse fenômeno. “Nós sentimos mais esse impacto da resistência bacteriana nos hospitais. Nos estabelecimentos de saúde, a resistência aos antibióticos está potencializada. Essas bactérias, conhecidas popularmente como superbactérias, têm um papel importante na colonização e na infecção de pacientes hospitalizados”, destaca Pavoni.

Os resultados evidenciam que a maior taxa de resistência é referente ao antibiótico aztreonam, quando somadas as porcentagens da resistência intermediária com a resistente. Para os demais antibióticos, o índice está abaixo de 39%. Seis amostras foram resistentes aos antibióticos meropenem e imipenem. Além disso, o gene blaKPC (mecanismo de resistência aos antibióticos doripenem, ertapenem, imipenem e meropenem) foi identificado somente em uma amostra.

Outro estudo do grupo avaliou os perfis de sensibilidade aos principais antibióticos recomendados para o tratamento de infecções do trato urinário (ITUs) não complicadas em mulheres. Os resultados reforçam a importância dos antibióticos fosfomicina, cefuroxima e nitrofurantoína como primeiras escolhas para o tratamento de cistites não complicadas. Os dados também indicam que os antibióticos norfloxacina, ciprofloxacina e sulfametoxazol-trimetoprim não devem ser utilizados no tratamento das infecções em mulheres.

Por fim, Pavoni destaca como o estudo e monitoramento das superbactérias presentes em ambientes hospitalares é importante: “que bom que temos pesquisa de superbactérias no hospital para entender como isso funciona. A melhor maneira de prevenir, controlar e criar estratégias de prevenção e controle é através do estudo. Nós fazemos essas pesquisas e, ao mesmo tempo, estamos sempre comunicando os dados para o laboratório do hospital e para a comissão de controle de infecção hospitalar do HUAP. Além disso, tudo que sai na literatura em relação a novos métodos, nós estudamos e tentamos trazer para o contexto do hospital”, conclui.

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