Nova estrutura da Agir aumenta eficiência da produção intelectual da universidade

O diretor da agência, Thiago Renault (ao computador), acompanhado por membros da equipe da Agir Foto: Divulgação

A Agência de Inovação Tecnológica da UFF (Agir), criada há sete anos pela professora Fabiana Rodrigues Leta, primeira diretora da Agência e pelo professor Antonio Claudio da Nóbrega, corresponsável, (pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da antiga Propp), atual vice-reitor da UFF, transfere seu escritório para o Instituto de Física, Torre Nova, 3º andar, no Campus da Praia Vermelha. A inauguração oficial será realizada nesta sexta-feira, 13 de maio.

Com o propósito de cuidar da política de propriedade intelectual, da gestão de inovação e de intermediar a produção tecnológica da universidade e o setor privado, sua criação está vinculada à Lei de Inovação Tecnológica nº 10.973, de 2004, que estabelece que todas as instituições de ciências e tecnologias federais devem ter um núcleo de inovação tecnológica.

Segundo o atual diretor, Thiago Renault, a Agir atendeu inicialmente a essa determinação e incorporou a Incubadora de Empresas, que já existia desde 1990 e o Escritório de Transferência de Conhecimento (Etco), criado em 2003. Tanto a incubadora quanto o Etco eram projetos vinculados à Pró-Reitoria de Extensão (Proex) mas, em 2009, quando a Propp assumiu a pasta de inovação da universidade, os dois projetos foram absorvidos por ela (Proppi). De acordo com Renault, “Fabiana fez um excelente trabalho no sentido de colocar o tema inovação na pauta da universidade”.  A proposta da nova direção veio trazer um perfil mais executivo ao setor.

A agência uniu os dois projetos e hoje, atua, também, como um setor de fomento de inovação tecnológica da universidade por meio de concessão de bolsas científicas. Mas, só agora, com a transferência para as novas instalações, foi possível a integração de todas as suas atividades num mesmo local.

Segundo Luiz Otávio Vasconcellos, responsável pelo acompanhamento dos processos de registro de patentes, marcas, desenhos industriais e programas de computador da UFF, as reformas geraram mudanças positivas para os estagiários. “Fisicamente o novo espaço da Agir é maior e facilitou nosso trabalho. Antes, os escritórios eram pequenos e ficavam em polos diferentes da universidade, gerando, constantemente, a necessidade de locomoção entre os prédios.”

Trabalhar na Agir tem possibilitado um diálogo interdisciplinar, ampliando e solidificando o conhecimento científico e administrativo para um profissional da área" - Esther Pinho

A Agir é pioneira no Estado do Rio de Janeiro ao aproximar, no mesmo espaço físico, o órgão responsável pela propriedade intelectual com o que trata do empreendedorismo, respectivamente, o Etco, e a incubadora de empresas. Esses setores atuam na interação da universidade com atores externos, juntamente com o parque tecnológico e a divisão de inovação e tecnologias sociais.

Para Renault, esta aproximação trará um ganho de eficiência no sentido de oficializar a transferência tecnológica na universidade. A iniciativa tem a intenção de fortalecer a integração da política de empreendedorismo com a política de propriedade intelectual. “Hoje, uma pessoa cria uma empresa na UFF com tecnologia gerada na instituição, e não há nenhum documento que comprove, nem ao menos um acordo para o pagamento de royalties ou algo desse tipo”, explicou.

A expansão física da agência foi acompanhada por um crescente número de estagiários bolsistas. O novo espaço atenderá um maior número de universitários e possibilitará contato mais próximo com o campo de pesquisa e aprofundamento do conhecimento acadêmico. “Trabalhar na Agir tem possibilitado um diálogo interdisciplinar, ampliando e solidificando o conhecimento científico e administrativo para um profissional da área”, disse a estagiária da área de tecnologias sociais, Esther Pinho.

Alunos com interesse em criar uma empresa, com ou sem a participação de professores e técnicos, podem procurar a incubadora de empresas da Agir, onde receberão treinamento para aprender como funciona o modelo de negócios e organização. Eles passam por um período de seis meses de “pré-incubação”, no qual desenvolvem seus projetos e no final desse período, o aluno ou grupo de estudantes pode decidir se torna ou não uma empresa incubada. Já o Etco apoia alunos que queiram proteger os conhecimentos e propriedades intelectuais gerados a partir das atividades de pesquisa.

A Agir possui um programa de bolsas de iniciação a inovação que contemplou 489 projetos nos últimos cinco anos. Esses projetos servem como insumo para a política de inovação da universidade, centrada na transferência de tecnologia para empresas pré-existentes, através do Escritório de Transferência de Tecnologia, e no estímulo à criação de novas empresas, com o apoio da Incubadora de Empresas.

Entre 2010 e 2014 passaram pela incubadora quatro empresas, uma delas ainda se encontra incubada. Em 2015 foi aberto um processo seletivo para a incubação de novos projetos. “Recebemos 46 propostas, dentre as quais selecionamos dez projetos para a pré-incubação. Esses projetos estão passando por um período de aconselhamento empresarial para a definição de um modelo de negócios sustentável. A expectativa é que até julho esses dez projetos originem empresas que serão incubadas”, explica Renault.

Pibiti e Pibinova: bolsas de inovação disponíveis a todos os cursos

Uma das principais funções da Agir é a disponibilização de bolsas para projetos de inovação: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Inovação (Pibinova). O Pibiti visa ao desenvolvimento e à transferência de novas tecnologias e inovação. Já o Pibinova busca estimular o desenvolvimento de pesquisas para aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social, gerando novos produtos, processos ou serviços.

Os dois programas já estão com as inscrições abertas para o período de 2016/2017. O programa de bolsas foi reformulado em 2015. Segundo o diretor da Agir, a agência busca agora financiar inovações que criem oportunidades para a transferência de tecnologias para empresas pré-existentes e para a criação de novas empresas com o apoio da incubadora. As propostas devem ser enviadas obrigatoriamente até o dia 10 de junho de 2016. Outras informações podem ser encontradas no edital para submissão de projetos, no menu “bolsas”.

Por meio desse auxílio, atendemos a um nicho muito específico, não contemplado por nenhuma outra bolsa na UFF" - Thiago Renault

Cada bolsa é concedida a um professor que, por sua vez, indica um aluno. A bolsa acadêmica é principalmente importante para docentes com projetos de inovação, que necessitam de uma comprovação de impacto mercadológico ou social para ter aprovação e acesso ao programa de fomento de bolsas da Agir.

Em 2015, cem professores receberam a bolsa, e consequentemente cem  estudantes foram beneficiados. “Tomamos a decisão de deixar apenas um aluno com cada professor. Recebemos projetos excelentes e não queríamos deixar nenhum de fora. Foram 177 projetos, 120 deles muito bons, e conseguimos financiar cem. Por meio desse auxílio, atendemos a um nicho muito específico, não contemplado por nenhuma outra bolsa na UFF.”

Estudantes de todos os cursos têm acesso ao financiamento. Segundo o diretor da Agir, “existe uma suspeita generalizada de que as bolsas de iniciação são voltadas principalmente aos cursos de ciências exatas. Exatamente por isso, criamos a Divisão de Inovação e Tecnologias Sociais, dirigida pelo professor Frederico Policarpo.” Esse setor tem como objetivo mobilizar os projetos que geram valor social, ambiental e econômico. “Com a mudança, conseguimos sair de um patamar de 12 para 25 projetos da área de humanas e sociais. Inclusive, têm surgido outros na de audiovisual,” concluiu Renault.

Para Dayse Rodrigues, estudante de Enfermagem e bolsista do Pibiti, o fato de a bolsa ser mediada pelo professor é benéfico para os alunos: “São os professores que se responsabilizam pela elaboração do projeto e permanência dos alunos dentro da pesquisa. Desta forma, é possível avaliar o interesse deles pelo programa.”

Andrezza Paulo, estudante de Publicidade e bolsista do Pibinova, conseguiu uma oportunidade de financiamento, devido ao seu interesse em participar de um projeto, coordenado pelo docente Adilson Cabral. A partir do trabalho do docente, teve início uma pesquisa voltada para a sustentabilidade das rádios e TV’s comunitárias por meio do uso da publicidade na web. “Comecei a me interessar pelo assunto, e com o professor, tive oportunidade de ser bolsista de iniciação”, afirmou.

Novo Código Nacional de Ciência e Tecnologia

Desde o início deste ano, está em vigor o Novo Código Nacional de Ciência e Tecnologia, CTI, que visa promover o desenvolvimento da atividade científica no país, incentivando o trabalho de pesquisa, capacitação e inovação. O objetivo é tornar menos burocrático o processo de captação de recursos e estimular a cooperação entre os setores público e privado.

A nova legislação prevê ciência e tecnologia como atividades estratégicas para o desenvolvimento econômico e social, fundamentais para a promoção da competitividade empresarial nos mercados nacional e internacional. Por essa razão, pretende incentivar a atividade de inovação nas instituições científicas tecnológicas e nas empresas. A ideia é possibilitar a instalação de novos centros de pesquisa e parques tecnológicos.

Segundo o diretor da Agir, o novo código regulamenta, dentre outras ações, a atuação em empresas privadas de professores universitários em regime de dedicação exclusiva e o compartilhamento de espaço físico entre universidades públicas e empresas.  “Esperamos que essa regulamentação possa impulsionar ainda mais as atividades de inovação na universidade”, ressaltou Renault.

A UFF realizará um seminário sobre o Novo Código de CTI, nesta sexta-feira, dia 13 de maio, às 9h, no auditório do Núcleo de Estudos e Biomassa e Gerenciamento de Águas, no campus da Praia Vermelha. O evento será promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, através da Agência de Inovação (Agir).