Centro de estudos na UFF investiga questões sobre desigualdade e desenvolvimento

O Cede discute a superação das desigualdades sob uma estratégia de desenvolvimento

A desigualdade, nas diversas dimensões, é uma das questões mais relevantes da atualidade. Atentos a esta temática, professores e estudantes da UFF realizam suas pesquisas no Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento (Cede). Em atividade há mais de uma década, é voltado à discussão da superação das desigualdades sob uma estratégia de desenvolvimento, focada em aspectos econômicos, sociais, ambientais, políticos, jurídicos, éticos, culturais, educacionais, entre outros.

Foi criado em 2005, quando a coordenadora do Cede, Celia Lessa Kerstenetzky, teve contato com um programa sobre desigualdade e políticas sociais na Universidade de Harvard, durante seu pós-doutorado nos Estados Unidos. Isso inspirou a estrutração do centro de pesquisa na UFF. “Inicialmente, reunimos colegas e estudantes do Departamento de Economia, mas a ideia, desde a concepção, foi promover uma reflexão multidisciplinar, sistemática e abrangente, envolvendo pesquisadores de outras áreas e não apenas da universidade. A desigualdade começava a ser o foco da agenda pública no Brasil e a motivação era contribuir para qualificar o debate e imaginar políticas consistentes”, recorda Celia, que é docente dos programas de pós-graduação em Economia e em Ciência Política.

Segundo o professor Fábio Waltenberg, membro do Cede desde 2008 e coordenador da Pós-Graduação em Economia, o objetivo do centro é reunir pesquisadores com interesses comuns e formar uma rede das mais diversas áreas desde a iniciação científica até o pós-doutorado. “Buscamos tratar com rigor acadêmico temas essenciais relacionados à questão da desigualdade e do desenvolvimento, com o intuito de pautar uma agenda para o país”, destaca.

A produção acadêmica do Cede atende a pesquisas sobre mercado de trabalho, renda e salário mínimo, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, além do acesso a políticas públicas ligadas a temas como saúde, energia, educação e seguridade social. Por exemplo, Waltenberg atualmente desenvolve, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, a pesquisa “Atratividade da Carreira Docente na Educação Básica”, que investiga condições de trabalho, remuneração e motivação de estudantes de licenciaturas para seguir o magistério.

Crise mundial estimula pesquisas sobre desigualdade

Fabio Waltenberg identifica uma conjuntura favorável a estudos sobre desigualdade no mundo todo. “Podemos dizer que a crise mundial de 2008 e os movimentos que dela nasceram, bem como a publicação do livro ‘O Capital no século 21’, de Thomas Piketty, são elementos que contribuem para essas pesquisas, mesmo nos países mais desenvolvidos”. No livro, de 2013, Piketty analisa de forma aprofundada a dinâmica do capitalismo do novo século, ao expor contradições entre o crescimento econômico e o rendimento do capital.

Waltenberg compara a particularidade das pesquisas sobre o Brasil com a agenda internacional. “A desigualdade de renda sempre despertou maior interesse no país. Porém, existem outros tipos a serem investigados, como a desigualdade de patrimônio, que é destaque nos países centrais e tem necessidade de se desenvolver mais por aqui”, explica.

Com o avanço dos estudos sob diversas perspectivas, Celia Kerstenetzky aponta que prosperou a difusão dos resultados, seja em seminários regulares e também pelo site do centro, no qual o grupo mantém um espaço de textos para discussão, aberto a qualquer interessado nas mais de 30 linhas de pesquisa. “O que os alunos produzem também é citado e se desdobra em publicações no Brasil e no exterior, o que demonstra que os trabalhos têm qualidade”, argumenta Waltenberg. “Acrescento, nesse sentido, que a energia e o empenho de jovens professores oriundos de doutorados ou estágios no exterior foram centrais para chegarmos até aqui”, conclui a coordenadora. 

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