Pesquisadores da UFF inovam no tratamento da osteomielite

Professor e médico ortopedista Vinicius Schott Gameiro, supervisor da pesquisa

Pesquisadores da pós-graduação em Ciências Médicas da UFF, em parceria com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), estão produzindo um material para o combate à infecção óssea, conhecida como osteomielite. O propósito da pesquisa é tornar o tratamento atual mais eficiente e reduzir o número de cirurgias envolvidas no processo. A pesquisa, que teve início em junho de 2015, está sendo  desenvolvida pelo estudante da pós-graduação Almir Luiz Antunes e  conta com a supervisão do professor e médico ortopedista Vinicius Schott Gameiro.

Ainda em seus primeiros estágios, a pesquisa pretende oferecer uma alternativa mais efetiva e menos invasiva ao tratamento da osteomielite. Atualmente, o material utilizado para tratamento local da doença é o polimetilmetacrilato, combinado aos antibióticos, que deve ser retirado cirurgicamente após o período de 30 a 45 dias. Com o novo produto, esse segundo tempo cirúrgico não será mais necessário.

Ela afeta com mais frequência indivíduos imunodeprimidos, idosos, pessoas com outras doenças de base e pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos ortopédicos”, Almir Luiz Antunes.

A principal preocupação dos pesquisadores é que esse mineral garanta a atuação do antibiótico no local infectado de forma mais contínua e prolongada, ao mesmo tempo em que preenche a falha criada no osso pela infecção. Dessa forma, o combate à bactéria ou ao germe infectante será mais efetivo. Hoje, o antibiótico, como é ministrado, dispõe de um  tempo reduzido de liberação. “Cabe ressaltar que o uso sistêmico de antibiótico deverá ser mantido”, enfatiza Schott.

As substâncias utilizadas na pesquisa são a “nano hidroxiapatita” e o antibiótico Vancomicina, que juntas irão formar grânulos, possíveis de serem inseridos na área infectada. A hidroxiapatita é o mineral do osso cuja função como enxerto ósseo já vem sendo utilizada. A Vancomicina é usada tanto de forma sistêmica, como diretamente no local infeccionado. Segundo o ortopedista, a novidade é a associação dessas duas substâncias.

De acordo com os pesquisadores, o projeto está na fase inicial ou etapa básica da síntese do material. Nas próximas etapas serão realizados, consecutivamente, o teste em células in vitro, a pesquisa em animais e, finalmente, a utilização do material em seres humanos como tratamento experimental. A previsão para a conclusão da pesquisa é de aproximadamente seis anos.

Osteomielite

De difícil tratamento, a osteomielite é uma doença crônica e que pode gerar sequelas. Entre as possíveis consequências da infecção estão a dor, a fratura patológica, amputação do membro e, em casos mais extremos, a morte do paciente. Antunes informa que essa doença pode atingir qualquer pessoa, mas que há riscos maiores em grupos específicos. “Ela afeta com mais frequência indivíduos imunodeprimidos, idosos, pessoas com outras doenças de base e pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos ortopédicos”, conclui o pesquisador.