Estudos de Mídia desenvolve primeira incubadora cultural do Brasil

Logo do projeto

Com o objetivo de conectar organizações de redes culturais para gerar parcerias e novos negócios no setor musical, surgiu na UFF a primeira incubadora cultural do Brasil: Nós de Rede. Criado pelos alunos do projeto de extensão “Estação de Empreendedorismo Cultural” do curso de Estudos de Mídia, o projeto realiza encontros, ações de capacitação e rodadas de negócios que possibilitam aos participantes o contato com programadores de festivais, representantes de gravadoras, radialistas e outros gestores do mercado musical.

Fruto da união entre a Ponte Plural, o Laboratório de Pesquisa em Cultura e Tecnologias da Comunicação (LabCult) e o P3 - Polo de Produção e Pesquisa Aplicada em Jogos Eletrônicos e Redes Colaborativas, a primeira ação do projeto de extensão foi o Mapa Musical RJ, lançado em 2015. Com o intuito de identificar cursos de música, lojas de instrumentos, estúdios de ensaio e de gravação, festivais, casas de show, festas populares, coletivos culturais, secretarias municipais de cultura e empresas de sonorização, foi criada uma plataforma de mapeamento colaborativo de empresas e eventos do setor musical de todo o estado do Rio de Janeiro.

A partir desse mapeamento, notou-se a necessidade de promover a articulação entre os agentes do setor musical do estado. Surgiu daí a ideia do Nós de Rede para colaborar com a organização e conexão de redes culturais e estimular parcerias e novos negócios na área da cultura, ajudando a dinamizar as atividades desse âmbito.

Com as transformações na indústria a partir do surgimento das novas mídias digitais, houve um crescimento do empreendedorismo de nicho de mercado, do direcionamento da indústria para um publico previamente definido. Diante dessa identificação, a Ponte Plural teve diversos encontros com consultoras que a direcionaram para funcionar como uma incubadora de redes culturais durante sua participação no projeto Rio Criativo - centro de inovação que estimula o fortalecimento e a sustentabilidade dos empreendimentos da economia criativa do estado do Rio de Janeiro e o seu desenvolvimento econômico e social através da cultura.

As incubadoras funcionam como plataformas para impulsionar os novos negócios, fornecendo benefícios, tais como investimento financeiro, espaço para o desenvolvimento de atividades e capacitação técnica. Nesse sentido, o Nós de Rede busca desenvolver competências criativas e empreendedoras para artistas, produtores e agentes culturais incentivando a troca de experiências e a qualificação profissional, a fim de criar novos arranjos criativos locais conectados em redes.

A ligação [da incubadora] com a Universidade possibilitou a abertura do espaço para atividades gratuitas (...), permitindo a conexão entre o meio acadêmico e o mercado musical, ampliando o campo de atuação e estimulando trocas”, explica a coordenadora do projeto, Luiza Bittencourt.

Suas ações incluem a realização de encontros quinzenais, atividades de capacitação, como palestras, cursos e workshops, consultorias, e rodadas de negócios para possibilitar que os participantes entrem em contato com programadores de festivais, representantes de gravadoras, radialistas e outros gestores do mercado musical. ”A estimativa é abrir no próximo ano um edital de incubação para empreendimentos do setor com propostas idealizadas por alunos da graduação de Estudos de Mídia”, destaca a mestre e doutoranda em Comunicação Social pela UFF e coordenadora do projeto, Luiza Bittencourt.

A metodologia de gestão cultural coletiva para tecer redes criativas aplicada no Nós de Rede foi criada pela Ponte Plural durante o workshop “Músico Plural”, realizado em dez cidades do interior do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2014. A iniciativa contribuiu para a formação de mais de 400 empreendedores culturais que originaram casos bem sucedidos de atuação local. Através dessa dinâmica, foi possível identificar quais agentes culturais e negócios podem se entrelaçar e ficar mais fortes atuando juntos, formando um “nó de rede”. É o somatório desses “nós” e suas possibilidades de negócios em conjunto que fazem com que os participantes se tornem transformadores culturais de suas regiões e empreendedores em rede.

Em abril de 2016, foi realizada a primeira reunião aberta do Nós de Rede com agentes do setor musical e, desde então, são realizados encontros semanais na Universidade Federal Fluminense. “A partir das demandas identificadas, foi realizado um planejamento colaborativo para definir os temas das atividades, que incluem eventos itinerantes, ações de capacitação, consultorias, rodadas de negócios e também uma metodologia própria para a conexão desses participantes, de modo a estimular novos negócios na área da cultura e dinamizar as atividades do setor na região”, explica Luiza.

O projeto conta com a parceria da UFF e diversos patrocínios. O Mapa Musical RJ foi custeado pelo Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura, Ministério da Cultura, CNPq, Faperj e pela empresa de telefonia Claro, além do apoio do Instituto Embratel Claro. Já o Nós de Rede é contemplado com os editais da Faperj de Apoio a projetos de Extensão e Pesquisa, à Produção e Divulgação das Artes no Estado do Rio de Janeiro e o de Eventos, para a realização de um encontro de incubadoras musicais, que ocorrerá no final de 2016. Segundo a coordenadora, “a ligação com a Universidade possibilitou a abertura do espaço para atividades gratuitas que abrangem alunos e a comunidade externa, permitindo a conexão entre o meio acadêmico e o mercado musical, ampliando o campo de atuação e estimulando trocas”.

Luiza Bittencourt relata que a resposta das pessoas ao projeto tem sido muito positiva. “Já é possível ver o nascimento de parcerias entre os agentes participantes do Nós de Rede. Além disso, novos participantes começam a entrar em contato através das oficinas e dos encontros abertos”. O Mapa Musical RJ conta com bolsistas da graduação e da pós-graduação, com o patrocínio do CNPq e Ministério da Cultura. Para o Nós de Rede, será aberta uma seleção de voluntários no segundo semestre deste ano e de bolsistas a partir de 2017. Já a equipe atual conta com o mestre em Comunicação Social pela UFF e programador musical Rafael Lage, a assessora de imprensa e sócia da Ciranda Comunicação Suzana Ribeiro e os profissionais de marketing digital Marina Damin, mestranda em Memória Social pela UniRIO e Lucas Waltenberg, doutorando em Comunicação Social pela UFF, além da coordenadora Luiza Bittencourt.

Em junho deste ano, o Nós de Rede participou de uma mesa de debate sobre a experiência de incubadoras musicais no Festival Primavera Sound, em Barcelona, com representantes da Incubadora DoSol de Natal (RN) e da Circula Incubadora de Brasília (DF). Já em agosto, ocorreu uma reunião aberta do Nós de Rede com as câmaras setoriais de música, audiovisual e equipamentos culturais do Conselho Municipal de Cultura de Niterói para sua divulgação à comunidade.

Agenda

Dia 01 (14h) - Oficina Synth Gênero
Dia 05 (19h) - Reunião Aberta do Nós de Rede, com a presença de agentes do setor musical
Dia 12 (19h) - Workshop da Rodada Plural e Oportunidades
Dia 19 (18h) - Rodada Plural de Oportunidades

O evento Ponte Plural de Oportunidades contará com uma mesa-redonda sobre negócios, incluindo programadores de festivais no Brasil e no exterior, que terão contato com músicos e produtores locais. O principal objetivo dessa atividade é colaborar na circulação e internacionalização da produção musical brasileira. Todas as atividades são gratuitas e ocorrem na UFF, na Sala 405, do Bloco A, Campus do Gragoatá, em São Domingos.

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